Há sempre algo a ser descoberto, como por exemplo as afinidades entre Riobaldo e Bentinho, personagem imortalizado em “Dom Casmurro”, de Machado de Assis. O evento, “Guimarães Rosa, escritor e diplomata”, será aberto pelo jornalista e escritor José Nêumanne Pinto, que falará sobre “Machado de Assis e Guimarães Rosa. Ligações singulares”, apontando os traços comuns entre os dois mitos da literatura nacional.
— O que há de mais notável nos narradores Bentinho e Riobaldo, ambos velhos, ambos relatando amores interrompidos ao longo da vida? É que eles trazem a lume duas figuras luminosas e encantadoras: a serelepe Capitu e a guerreira Diadorim. São relatos pioneiros sobre o mistério, a graça e o veneno da mulher brasileira — adianta Nêumanne.
O ciclo de quatro conferências, sempre às terças, vai ocupar o Teatro R. Magalhães Jr., na sede da ABL (Avenida Presidente Wilson, 203).
Foi na mesma academia, no dia 16 de novembro de 1967, que Guimarães Rosa tomou posse como imortal. Ele havia adiado o rito por quatro anos, alegando que temia se emocionar demais e sofrer um mal súbito. Três dias depois, seria vítima de um enfarte fulminante, aos 59 anos.
O acadêmico Carlos Nejar, coordenador do evento, diz que o ciclo é mais do que uma homenagem da ABL a seus escritores. Para ele, o que se discutirá é a obra de um gênio.
Nejar confirmou que, no dia 13 de março, o conferencista será o professor Deonísio Silva, com o curioso tema: “O julgamento de Zé Bebelo e a Lava-Jato”. Em “Grande Sertão”, o então bate-pau do governo, Zé Bebelo, é capturado e julgado pelos jagunços, num dos trechos mais cultuados do romance.
O ciclo vai prosseguir no dia 20 de março, quando o acadêmico João Almino falará sobre “Guimarães Rosa, do sertão às fronteiras”. Finalmente, no dia 27 de março, caberá ao escritor Benito Barreto falar sobre “Rios e Riobaldos”.