Amigão de Lula e desafeto do presidente do São Paulo, chefão corintiano garante que a abertura da Copa de 2014 será em Pirituba, onde não há estádio, e não no Morumbi
O presidente do Corinthians e chefe da delegação brasileira na Copa do Mundo da África do Sul, Andrés Sanchez, já anunciou, em Johannesburgo, que a abertura do Campeonato Mundial de Futebol marcado para o Brasil não será no Morumbi, mas, sim, em Pirituba. Todo mundo está careca de saber das broncas que os fiscais da Fifa têm dado à diretoria do São Paulo Futebol Clube por causa da inadequação do projeto de reforma de seu estádio na zona sul desta cidade para receber o primeiro jogo do torneio, marcado para daqui a quatro anos. O que ninguém sabia ainda é que já existe um estádio inteiramente dentro dos padrões de exigências dos cartolas internacionais na periferia de São Paulo. Haverá mesmo esse estádio em Pirituba, pronto para sediar partidas em 2014, ou será mais uma quimera corintiana, igual àquele projeto de construir um parque esportivo em Itaquera? Testemunhei uma visita de Vicente Matheus ao então prefeito Figueiredo Ferraz, há cerca de 40 anos, para tratar do assunto. Por enquanto, contudo, a única conexão notória entre o distante bairro operário da zona noroeste paulistana e o valeroso esquadrão mosqueteiro é a Estação Itaquera-Corinthians do Metrô. Será a referida gare a alternativa disponível?
A julgar pelo andamento das reformas dos estádios brasileiros, pelas condições indigentes de nossos aeroportos, pelas deficiências estruturais do transporte coletivo e pela insuficiência de vagas disponíveis na rede hoteleira, talvez perigue termos de contar com a estação como aeroporto, meio de transporte, estádio e hotel.
Andrés Sanchez é amigo do peito do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e desafeto público do presidente do tricolor do Morumbi, Juvenal Juvêncio. Por enquanto seus feitos de cartola se limitam aos títulos do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil em 2009. Neste ano, esse prestígio levou Lula e Marisa Letícia à concentração do time deles às vésperas do jogo contra o Flamengo, decisivo para as pretensões à Libertadores no ano do centenário. E deu com a bola n’água.
Antes de futricar contra o inimigo, que jogará a semifinal com que ele sonhava, Sanchez foi com a seleção bajular o amigão poderoso em Brasília. Ali o mico foi geral: a primeira-dama envergou a amarelinha e o treinador Dunga cometeu a grosseria de não tirar a mão do bolso quando cumprimentou, com frieza óbvia, o chefe da Nação. Resta implorar a São Jorge para a seleção brasileira não repetir o vexame do Corinthians, que perdeu nas oitavas-de-final do torneio dos sonhos, após ter feito a melhor campanha na primeira fase, para uma equipe que tinha feito a pior e depois seria alijada da semifinal por um time chileno.