“Quatro quartetos de breve sopro”, poema inédito

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Quatro quartetos de breve sopro

Estamos a um segundo do futuro,
que pode ser o abismo sem fundo,
a montanha a escalar desde o sopé
ou o vale verde a descortinar do topo.

Ficamos a um passo do destino,
que deve ser a arrancada para a grande marcha,
o músculo retesado e o pé no chão
ou a fita de chegada, findo o páreo.

Cá partimos do tudo que é nada
para chegarmos ao nada que é tudo:
alguns milímetros nos separam do fim
e nos restam sete palmos até o infinito.

A sequência de anos novos envelhece nossas vidas:
do pedalinho do parque ao barco de Caronte são dois palitos.
Nada acontece entre o fôlego respirado e o bafo a expirar,
tudo volta ao pó entre o último minuto e o suspiro final.

José Nêumanne Pinto
São Paulo, 30 de dezembro de 2010

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