Para que oposição quer uma CPI?

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PSDB e DEM não fizeram uma pergunta incômoda a Pagot, Nascimento e Rossi quando foram ao Congresso depor. De que, então, poderia servir uma CPI para apurar deslizes que teriam cometido?

 

A revista Veja denunciou a existência de um ninho de corrupção no Ministério dos Transportes, especialmente no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Até então, a presidente Dilma Rousseff não tinha tomado providência nenhuma quanto ao gravíssimo acontecimento, embora se possa presumir que fosse mais informada sobre ele do que um veículo da “instituição” que os lulistas apelidaram de Partido da Imprensa Golpista (Pig, porco em inglês). Depois de muito mofarem da “opinião pública”, chamando-a de “opinião publicada”, os petistas viram ser exonerados, até o fechamento deste texto, 27 aliados e desmontado o feudo do Partido da República (PR), a começar pelo ministro, presidente da legenda e senador amazonense Alfredo Nascimento.

O diretor do DNIT, Luiz Antônio Pagot, foi ao Senado e à Câmara depor sobre as acusações que o derrubaram e não há notícia de que algum parlamentar lhe tenha feito uma questão constrangedora que fosse. Saiu de lá como entrou: ostentando sua incólume caradura. Antes do depoimento, tucanos e “democratas” contavam com a disposição de o exonerado atirar a esmo contra seus ex-superiores hierárquicos, por ter perdido a “boquinha”. Ledo engano! Como era de esperar, o humilhado bajulou o quanto pôde os donos do poder, não se sabe em troca de quê. Talvez por ter aprendido a verdade elementar de que mais vale um ostracismo confortável do que o trágico desfecho de se desgraçar com os poderosos. O episódio exibiu o despreparo da oposição para cumprir seu dever.

Figura mais abjeta fizeram os oposicionistas quando assomou à tribuna do Senado o ex-ministro escorraçado dos Transportes. Ninguém teve a lembrança de perguntar o que fazia entre honrados varões republicanos um réprobo demitido por suspeita de corrupção de um ministério. Nenhum tucano ou “democrata” questionou como pode ser honesto o filho do orador que em cinco anos teve o patrimônio aumentado em 86.500%. A oposição se recolheu à cômoda omissão de costume.

Só faltou o demitido ser aplaudido. Nem isso, contudo, faltou ao ministro da Agricultura, Wagner Rossi (PMDB-SP), acusado por Jucazinho, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), de comandar um bando que saquearia a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Nada ele teve de explicar e foi aclamado. Diante dos exemplos citados, só nos resta fazer duas perguntas. Para que cargas d’água PSDB e DEM querem instalar a CPI da corrupção nos Transportes? E o que Dilma Rousseff e seus aliados fizeram de tão bom para merecerem de Deus uma oposição tão incapaz e inócua?

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José Nêumanne Pinto

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