Os 12 apóstolos do Brucutu

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O vândalo Daniel Silveira é titular da Comissão de Constituição e Justiça e vice-presidente da de Segurança da Câmara por obra e trapaça dos 11 ministros do Supremo e do presidente Bolsonaro

Daniel Silveira é fluminense de Petrópolis, ex-aprazível estação de férias da família imperial brasileira, mas sem nada de nobre ser e ter. Seu temperamento de vândalo e capacho daqueles que o dr. Raimundo Faoro chamava apropriadamente de “donos do poder” orna com a textura dos músculos dos bíceps avantajados e da sólida musculatura do tórax. Escolheu fazer carreira na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, condizente com seu gênio explosivo e sua adesão à filosofia da corporação, cuja atuação na pretensa defesa da lei é mais adequada a atitudes definidas como “tiro na cabecinha” e “bandido bom é bandido morto”. E à pregação, é claro, de quem viola princípios elementares dos direitos humanos, mais um dos seus hábitos que não condizem com a democracia. A liberdade que preza é apenas a própria, que não termina no livre arbítrio do outro, mas determina seus interesses materiais e seus instintos bestiais.
O único feito de destaque de sua carreira política foi a destruição de uma placa de rua em homenagem a uma vereadora inimiga (no glossário de seus chefes não há lugar nem muito menos espaço para adversários vivos). Ele e os outros próceres do vandalismo que guardam relíquias da redução da sinalização viária com o nome de Marielle Franco, vítima de covarde execução a bala, são típicos heróis do negacionismo pleno. Com o gesto negam respeito à mulher e a quem pensa diferente, ou melhor, se dá o luxo de pensar (uma definição radical do “livre pensar é só pensar” do gênio da dissidência carioca Millor Fernandes). E ainda a quem ousa se intrometer na prática comezinha do crime de combater o delito sem respeitar a lei e a ordem. Já na Roma antiga o sátiro Terêncio revelava que “nada do que é humano me é estranho”. O verso, em bom latim clássico, aplica-se não apenas ao PM aposentado, mesma condição de Fabrício Queiroz e do capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, acusado pela mesma polícia da qual eles usaram a farda de chefiar a milícia de Rio das Pedras e o Escritório do Crime. Neste se contrata a prática de apressar a visita da Indesejada das gentes a quem já a namora desde muito cedo.
Em 31 de maio de 2020, já deputado federal, ele foi filmado e as cenas, exibidas na TV, instruindo prazerosamente companheiros de farda, pagos pelo povo para garantir a liberdade de manifestar-se livremente, a jogar bombas de gás em guerreiros da paz para dispersar nas ruas da cidade nunca mais maravilhosa. No mesmo dia, usou as redes sociais para ameaçar manifestantes contra o desgoverno Jair Bolsonaro. Durante uma manifestação na praia de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, numa manhã de domingo, Silveira incitou uma briga com os ativistas. Num vídeo postado em seu perfil no Twitter, após a manifestação, o Brucutu usou fartos disparos de palavrões para se referir aos manifestantes antifascistas. O parlamentar disse que, havendo como havia, muitos policiais armados participando de protestos contra o desgoverno, ele torcia para que um dos opositores tomasse um tiro “no meio da caixa do peito”. Pura poesia!
Mas o covarde, que ameaça cidadãos comuns a esmo, não desperta a santa ira dos magistrados supremos que se consideram autênticos barões da República embolorada. No nada excelso pretório não se agitou uma toga sagrada para defender o direito de dissentir, negado pelo celerado. O xerife-mor brasileiro, Alexandão de Moraes, usou dardos teóricos envenenados para esconder a própria honra e a de seus companheiros de facúndia. E marcaram para antes do carnaval fora de época na Páscoa (suprema blasfêmia à quaresma abandonada) a acusação e a sentença que não exigiam pressa para antes da eleição. Na praia mais linda do mundo o PM Silveira era um falastrão sem eira nem beira. Mas acusações sem nexo contra os magistrados sem correição bastaram para a convocação atemporal resultar em penas pesadas e muita pecúnia (quase R$ 200 mil de multa é um exagero até para um paspalhão pago pelas vítimas para sê-lo). Dez a um pela condenação, nove a dois pela prisão aberta sem dó no inferno prisional que assustava o advogado-geral da companheira Dilminha, José Eduardo (Cardozo de zebra). Com direito à reforma bíblica pelo “terrível evangélico, que superou as três negativas do apóstolo Pedro com quatro senhores entre os quais o que exigia que fosse apenas um, Jesus Cristo em pessoa, e passou a ser o último. Atrás de Jair Messias, Dias mbecilidade geral brasileira da gema obscura Daniel Silveira tirou a tornozeleira, que para nada nunca serviu mesmo e foi agraciado com a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, feito titular do time do capitão, que é uno e huno. E chegará ao pódio como vice-presidente da Comissão de Segurança da mesma casa sem portas nem janelas. O musculoso desmancha-manifestações foi descido do poste de Judas por Zeus pai todo-poderoso para rir dos outros 11 apóstolos e seus capinhas.
* Jornalista, poeta e escritor

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José Nêumanne Pinto

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