O eleitor dirá quem segue e quem cai

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Na banda oficial paulista, o assunto sucessão municipal virou uma espécie de casa da sogra, onde todo mundo se dá ao luxo de palpitar”
Quem acompanha a guerra intestina entre os aliados tucanos e democratas pela indicação ao candidato à Prefeitura paulistana nas eleições deste ano fica tentado a achar que o ex-governador Geraldo Alckmin e o prefeito Gilberto Kassab são, acima de tudo, cavalheiros. Pois ambos e seus grupos têm desempenhado um papel de alta relevância na exumação da candidatura de Marta Suplicy, apelidada por Paulo Maluf de Dona Marta do PT, que, antes, parecia condenada ao afogamento, desde que a ministra do Turismo aplicou um golpe no fígado dos passageiros de avião do País inteiro, entre os quais os paulistanos, ao receitar um cínico “relaxe e goze” para o estresse aeroportuário nacional.
A guerra de declarações, queixas e muxoxos de parte a parte lembra em tudo e por tudo igual refrega travada entre o repetente
Alckmin e o atual governador de São Paulo, José Serra, pela duvidosa honra de ser derrotado pelo petista Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2006. E até agora o único vencedor presumível é a ex-prefeita. Na banda oficial paulista, o assunto sucessão municipal virou uma espécie de casa da sogra, onde todo mundo se dá ao luxo de palpitar. Até o governador mineiro Aécio Neves veio aqui meter o bedelho.
O atrito entre Serra e Alckmin acabou com a solução óbvia: o triunfo de um e a derrocada do outro. Se não for Marta, o próximo prefeito de São Paulo tanto poderá ser o atual ocupante do cargo quanto o governador anterior. Jamais os dois, é claro, pois, como na física dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço, na política dois pretendentes não têm como ocupar o mesmo cargo no poder. Se a disputa fosse em turno único ou os dois pretendentes pertencessem ao mesmo partido, haveria algum sentido em brigar pelo lugar. Mas, sendo a eleição em dois turnos e cada um de um partido diferente, o que permite a inscrição dos dois, desde que PSDB e DEM não venham a se coligar, manda a lógica que ambos disputem no primeiro turno a vaga para lutar contra algum oponente no segundo e final. O governador pode se abster de apoiar o correligionário ou o aliado, mas será convocado a exigir do derrotado apoio irrestrito ao vencedor na disputa definitiva. Uma solução desse gênero seria mais condizente com o espírito da democracia, pois o eleitor é que decidiria quem iria em frente e quem abandonaria a liça. Este, se tiver mais juízo que mágoa, apoiará o outro para impedir a vitória certa do oponente comum.
© Jornal da Tarde, terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

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José Nêumanne Pinto

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