José Nêumanne fala sobre a corrupção brasileira na seção “Sinval Convida”
José Nêumanne por Sinval de Itacarambi Leão
Destinado a ser Paul Newman, Nêumanne, assim aportuguesado, foi desejado por seus pais como um futuro Apolo.
Sua carreira pessoal e jornalística obedeceu à inflexões distintas. Se a pauta é poesia, essa referência só pode ser Isabel, sua musa. Se for a fraternidade, seu mano velho Gaudêncio Torquato. Se for a cultura nordestina, há várias estrelas guia: Ariano, Zé Ramalho e Zé Limeira. Esses caem bem.
E o jornalista Nêumanne como fica?
Permita-me contar uma história ocorrida no idos da ditadura, em 1969, naquele Rio do Chacrinha cantado por Gil. Existiu uma república sita à rua Silveira Martins, habitada pelo proletário poema/processo e por um bando de ditosos e desditosos seguidores, liderados por Moacy Cirne, poeta de Caicó (RN) e secundado por Naná Vasconcelos (PE).
Nesse cenário – eu vi e ouvi! – foi recebido José Nêumanne Pinto, de Uiraúna, Paraíba, acompanhado por um secretário que anotava todas suas intervenções.
Primeiro. Nêumanne já era personagem e fonte, recitava repentes, fabulava poemas semióticos, versos de Augusto dos Anjos e sonhos. O Nêumanne que conheci nesse dia estava a caminho de São Paulo para assumir vaga de repórter na Folha de S. Paulo. Passou depois para o Jornal do Brasil, o Jornal da Tarde e Estadão. Fez rádio (Jovem Pan, 15 anos) e TV (SBT e Gazeta).
A alegria dele em trabalhar em S. Paulo na grande imprensa era contagiante. Um dos traços mais marcantes do jornalista Nêumanne ali se aflorava. Fazer tudo com paixão. Só ganhou o Esso de Jornalismo em 1976, já no JB, com “Perfil de Operário hoje”, por sua coragem de enfrentar pautas malditas.
Segundo. Nêumanne jornalista teve antecessores brilhantes: Nelson Rodrigues, Agripino Grieco, Gustavo Corção e Carlos Lacerda. Foram jornalistas conservadores brilhantes. Ele entra nessa antologia pela força do seu texto, a elegância até em espinafrar e, principalmente, pelo rigor de suas informações, essas, sim, duras e apodíticas. Recentemente, Nêumanne assumiu o jornalismo matinal da Radio Estadão. Lembra o inesquecível Corifeu de Azevedo Marques, valente e provocativo. Vale acordar mais cedo para ouvir Nêumanne.
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