Lamento por Canudos
de Gereba e Zé Nêumanne
Na escada de Monte Santo
Me perdi da cega fé,
O pó que enxuga meu pranto
Faz feridas no meu pé.
As bandeiras do beato,
Da cor de lama rachada,
Chupam, como carrapatos,
Almas de gente alquebrada.
O chão de Jeremoabo
Me transforma em matador.
Aqui faço e ali acabo
E lá se fabrica a dor.
As estrelas de Corisco
Anunciam Satanás,
Na guerra se encontra risco,
Mas há quem busque cartaz.
Os aboios do vaqueiro
São lamentos de marfim.
Neles acho o verdadeiro
Pressentimento do fim.
Pois, se a terra é do homem
E o sertão vai se acabar,
Quais dos frutos todos comem,
Quantos vão chegar ao mar?