“Lamento por Canudos”, de Gereba e Zé Nêumanne

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Lamento por Canudos 

de Gereba e Zé Nêumanne

Na escada de Monte Santo

Me perdi da cega fé,

O pó que enxuga meu pranto

Faz feridas no meu pé.

 

As bandeiras do beato,

Da cor de lama rachada,

Chupam, como carrapatos,

Almas de gente alquebrada.

 

O chão de Jeremoabo

Me transforma em matador.

Aqui faço e ali acabo

E lá se fabrica a dor.

 

As estrelas de Corisco

Anunciam Satanás,

Na guerra se encontra risco,

Mas há quem busque cartaz.

 

Os aboios do vaqueiro

São lamentos de marfim.

Neles acho o verdadeiro

Pressentimento do fim.

 

Pois, se a terra é do homem

E o sertão vai se acabar,

Quais dos frutos todos comem,

Quantos vão chegar ao mar?

 

 

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José Nêumanne Pinto

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