…e eu não quero mais nada
Para Isabel, desde 17 de setembro de 2011
Nel mezzo del cammin di nostra vita Dante Alighieri, A Divina Comédia
No meio do caminho da minha vida eu encontrei você
E eu não quero mais nada.
O sol parou, a lua suspirou, o céu caiu.
Você deteve o próprio passo e me seguiu.
Deu-me a mão e imitou meu passo, pé a pé.
Parecia só, mas estava sossegada.
Tudo o que queria pra mim ganhou sentido.
Brotou uma flor no meio do asfalto
E meu velho coração pulsou sem medo.
É desse jeito a nossa caminhada.
Nunca mais sozinho, você é meus amores.
Sempre é plural, múltiplo de dois, muito, demais.
Eu sou seu cateto, você, minha hipotenusa.
Você me basta, me sossega, me acalma.
Mas você também me excita, me agita, me atrai.
Você largou tudo para vir comigo. E veio ficando.
E eu só tenho paz se roubo a sua.
Você não olhou pra trás e eu sigo em frente.
Nós somos um. E somos todos. Poucos, os dois.
E tantos. Nunca me sacio de você.
Sempre quero mais, saber mais, amar mais.
Quero amar você como se só houvesse amanhã.
Você é meu desejo, meu abrigo, meu raio de luz.
Sem você não existe o resto nem o texto.
Eu leio nos teus olhos os mares
nunca dantes navegados,
Os espaços que nunca serão conquistados,
O céu, a terra, e o Éden infinito
Do tamanho do botão de sua blusa.
Nada existe que eu possa lhe dar
Que você já não tenha,
A não ser tudo o que eu quero,
Com você não saio mais de minha infância,
A seu lado navego minha madureza.
Tudo o que eu tiver de ter virá de tua mão aberta.
Não tenho medo de nada, nem de te perder,
Pois nada há, a não ser o que tiver de te achar.
Sou tua sombra e és minha luz,
Seu abraço é minha força,
Seu beijo, o sabor dos meus sonhos.
O dia em que eu te encontrei nunca acaba,
O galo nunca para de cantar,
Nem a coruja deixa de espiar.
Nossos trens nunca partem da estação,
Nosso poema, nossa rotina, é uma chegada que não cessa
E nossas surpresas nunca admitem retiradas.
No meio do caminho de nossa vida,
De nossas vidas,
Achei você e não preciso de mais nada.
Quero apenas o calor de seu colo
E a agulha sábia de sua bússola.
Quero ser a areia de sua ampulheta.
Com isso corro o mundo sem sair do lugar.
Nossa vida não cansa, não gasta, não para.
Nosso paraíso é o jardim que nos acolhe
No meio do caminho de nossas vidas
Eu me deparei com você
Você parou pra me ver
…e eu não quero mais nada.
José Nêumanne de Castro Pinto, ano X
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