A consagração da ex-prefeita Marta Suplicy na convenção do PT, da qual saiu candidata a prefeita, com o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) compondo a chapa como vice, teria sido considerada impensável no começo deste ano eleitoral municipal. Todos hão-de se lembrar que, já entronizada no cargo de ministra de Turismo do governo Lula, ela havia, aparentemente, detonado seu futuro imediato ao se expressar da forma mais infeliz possível mandando os passageiros detidos em aeroportos pelo Brasil afora “relaxar e gozar”, em vez de reclamar do Caos Aéreo nacional.
A situação de Marta era tão ruim que seu atual companheiro de chapa imaginou que havia chegado a própria vez de se apresentar como alternativa ao significativo eleitorado de esquerda na maior cidade do País, que há havia levado ao principal posto administrativo, além da própria sra. Suplicy, a deputada Luiza Erundina. E o tucano Geraldo Alckmin achou que não poderia perder a oportunosa ensancha de se apresentar à disputa, que seria pule de dez para ele, pouco importando, a seu ver, os direitos à sucessão que os antigos aliados do PSDB, do DEM, poderiam imaginar ter.
A chegada de Marta ao palanque, contrariando as expectativas de ex-aliados e adversários obedeceu, contudo, aos ditames da lógica e da razão. Em primeiro lugar, a convicção de seu principal adversário na disputa, o ex-governador, de que o lugar será seu por unção divina, tem a mesma consistência que tinha sua fé cega de que o escândalo dos mensaleiros tornaria sua disputa pela presidência com o petista Lula uma barbada, há dois anos. Em segundo lugar, a esperança de Rebelo de ocupar o topo da chapa tinha a consistência da mágoa que ele manifestou ao ser defenestrado, sem consideração alguma, do Ministério de Relações Institucionais de seu histórico aliado petista: a de uma bolha de sabão sem cor. Nem há destinos traçados nem vitórias construídas apenas sobre os erros do inimigo na História da política. Não está escrito na Bíblia que Alckmin havia de ser presidente ou haverá de ser prefeito. Nem Rebelo poderia esperar chegar a cargo tão importante só pelo deslize de Marta.
É cedo para saber se a desunião entre o ex-governador que quer ser prefeito, o governador que só pensa na presidência em dois anos e o prefeito que gostou do lugar e lá quer ficar bastará para decretar o fiasco de seu projeto de continuar gerindo um dos maiores orçamentos do Brasil. Afinal – como sabemos -, Marta não é infensa à prática de erros. A frase infeliz não foi o único nem será o último deles. A tentativa de federalizar o pleito e tentar montar na garupa do prestígio do presidente correligionário poderá vir a ser ainda pior. Alguém precisa contar a seus estrategistas de campanha que na Capital paulista Lula não ganhou nem de Alckmin.
© Jornal da Tarde, terça-feira, 1º de julho de 2008, p2
Garupa de Lula não garantirá a vitória
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