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Terça-feira 26 de abril de 2016

Na ditadura era pior

Tive a alegria e a honra de participar hoje, de manhã, do 6.º Curso Estado de Jornalismo Econômico, promovido em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), batendo um papo sobre minha carreira e os desafios da imprensa na atual crise brasileira e no contexto mundial com “focas” (jornalistas iniciantes). Alguns colegas da redação participam do mesmo curso assistindo a aulas dadas por professores de Economia da FGV. O curso ocorrerá até junho próximo na Sala de Treinamento Cecília Mesquita, local onde era editado o Suplemento Feminino do jornal.

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Os novos colegas pediram, de saída, minha opinião sobre a influência dos currículos inadequados das Faculdades de Comunicação na crise por que passa a imprensa brasileira no momento atual. Apesar de reconhecer que as escolas superiores nunca prepararam adequadamente os profissionais por culpa da inadequação existente entre a realidade enfrentada nas redações e o ensino superior ministrado no País, disse-lhes que, em minha opinião, a crise, que é mundial, e não apenas nossa, deve-se mais à perplexidade das empresas e dos profissionais de comunicação quanto aos desafios que têm sido apresentados ao longo dos anos pela concorrência de empresas de radiodifusão, televisão e, principalmente agora, pela rede mundial de computadores. A meu ver, os veículos em geral e os impressos em particular não encontraram seu lugar (nicho) no mercado nem praticam a abordagem adequada para despertar atenção e interesse no público consumidor, em especial os mais jovens, diante da oferta variada e sedutora das redes sociais, dos portais e sites da internet, além da televisão a cabo e das emissoras de rádio all news.

A atual conjuntura política e econômica do País foi abordada quando me pediram que lhes contasse em detalhes minha participação no programa Roda Viva, da TV Cultura, em que foi entrevistado o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello. O interessante, do ponto de vista de jovens profissionais do ramo, é entender que o que compensa num episódio como esse não é a súbita, inesperada e massiva celebridade por ele provocada, algo inusitado na vida de um velho repórter, habituado a conviver com a fama, mas não desfrutá-la, por ser das fontes e não dele, a não ser, algumas vezes, pelas rebarbas. Mas, sim, a oportunidade de viver o fundamento essencial da profissão, que é o de dar visibilidade e voz ao público leitor, ouvinte ou telespectador, que é, ao fim e ao cabo, a própria razão de ser do ofício. E manter sempre reservas de humildade para saber que na vida de um jornalista um episódio do gênero é sempre passageiro.

Os “focas” também me questionaram muito sobre as expectativas do comentarista em relação à mudança do poder pelo impeachment e suas consequências na vida do cidadão comum. Tive oportunidade de esclarecer que, apesar das agruras do cotidiano e da inépcia dos governos na atual vigência do Estado Democrático de Direito no Brasil, tempos muito piores foram os da ditadura, quando manifestar opinião contrária era uma ousadia capaz de custar a liberdade ou até a vida do incauto. A guerra de hoje entre coxinhas e mortadelas, portanto, não pega nem letra, como se diz em Campina Grande, quando comparada com a longa noite das trevas nos porões da tirania. E faço questão de registrar isso porque acho sempre relevante nunca perder a constatação de vista, por mais óbvia que seja.

Nêumanne no quadro negro, na luta mais inglória da vida, contra a matemática
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Segundo Marilena Oliveira, integrante da equipe que cuida dos cursos de jornalismo ministrados no Estadão, esta turma, que frequenta três aulas por semana, é composta de 25 jovens jornalistas, na maioria formados em 2014 ou 2015 (apenas dois estão encerrando a faculdade neste semestre). Na turma que me ouviu, 15 são do Estado de São Paulo e 10, vindos de outros Estados (Espírito Santo, Santa Catarina, Pernambuco, Rio de Janeiro, Ceará, Distrito Federal e Rio Grande do Sul). O curso está na 6.ª edição, tem duração de três meses e os alunos recebem, no fim, certificado de extensão universitária em macroeconomia e finanças, emitido pela FGV.

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José Nêumanne Pinto

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