“De chips, abadás e textos” – Pena Capital (quarta, 29/set) CB10.123

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“Dia desses, fiz a lista dos brasileiros cujos nomes serão escritos, em alto relevo, num monumento que ainda será construído neste país. Não são muitos, mas têm prestado relevantíssimos serviços ao Brasil. Em ordem alfabética listei Augusto Nunes, Arnaldo Jabor, Danuza Leão, Diogo Mainardi, Dora Kramer, Ives Gandra Martins, Jarbas Vasconcellos, Lúcia Hippólito, Merval Pereira, Miriam Leitão, Olavo de Carvalho, Raul Jungmann, Reynaldo Azevedo e mais meia dúzia que não somam vinte. Têm combatido o bom combate, mas é pouca gente num total de 194 milhões de patrícios.

“Somados aos que não têm espaço na mídia impressa, falada ou televisada, mas se expressam através da internet, devem alcançar 10 milhões de brasileiros, número pequeno diante do que se vê e do que vem por aí. É triste, mas é a mais pura verdade. De repente, o Brasil merece e não se fala mais nisso.

“Só agora me dou conta de ter omitido os nomes de José Nêumanne Pinto e Margrit Schmidt. Sou velho amigo do Nêumanne, um Newmann que virou Nêumanne na paraibana Uiraúna, com a cultura de ex-seminarista e imensa folha de serviços prestados à imprensa brasileira. Escrevendo ou comentando na tevê, Zé Nêumanne é sempre de uma lucidez e de uma pertinência que encantam e comovem.

“Surpresa, para mim, tem sido o texto de Margrit, que não conheço, nunca vi de perto e não sei onde mora. De vez em quando, Danilo Gomes, ilustrado confrade do philosopho na Academia Mineira de Letras, tem a gentileza de me remeter recortes dos artigos da moça, que leio abismado com as suas análises. Tudo perfeito, das vírgulas ao português: válido, importante, claro, brilhante.

“Dasafortunadamente, num país em que os analfabetos funcionais e os beneficiários do Bolsa Família somam milhões de eleitores, todos os textos citados não fazem mossa na lataria do carango das pesquisas de opinião. A julgar pelo que se vê, vem coisa pior no próximo dia 3 de outubro.

“Ainda bem que nem tudo está perdido, porque se anunciam abadás chipados para o carnaval baiano de 2011. Seguinte: uma empresa chamada Digita vai instalar chips no tecido com que se fazem os abadás, de tal forma que desapareçam os abadás falsificados. Ou tem chip e o folião brinca, ou não tem chip e o folião dança noutra freguesia.

“Numa segunda fase, o folião de abadá chipado será dispensado de transportar dinheiro, de vez que o chip funcionará como cartão de crédito. É muita tecnologia para o meu gosto, mas é a que se anuncia. Em futuro próximo, os presidentes do Banco do Brasil e os assessores da Casa Civil serão dispensados de guardar dinheiro em casa, debaixo do colchão, bem como dos sustos ao abrir a gaveta do ministério e encontrar R$ 200 mil da comissão na compra de Tamiflu.

“Como? Com chips, ora bolas. Um chip que permita comprar à vista razoável apê pela metade do preço; outro chip que informe o depósito de R$ 200 mil para combater o vírus H1N1. Essa gripe suína jamais me assustou, e o leitor do Correio Braziliense sabe disso. Intuição ou experiência de vida, sei lá. Tudo que sei é que a partir de agora, quando alguém fizer uma compra com pagamento cash, pode ser com chip. O país é grande e bobo. Paciência.

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José Nêumanne Pinto

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