A manchete do Estadão – “Em crise, Caixa prevê 37% de aumento para seus vices” – é simplesmente aterradora: afinal, o último reajuste dos bancários foi de 2.75%, abaixo da inflação anual de 2017, de 2,95% Como explicar um absurdo dessas dimensões a esta altura do campeonato? Não dá para ler uma notícia destas sem sentir uma profunda náusea, uma extrema mágoa e uma invasão completa de angústia e desesperança. O Brasil é um caso único de privilégios sem fim nem razão para uma casta política inepta, incompetente e corrupta, sustentada por um povo jogado na miséria, na ignorância e na completa falta de perspectivas. Somos a pátria do descaso, do desprezo e do desespero. Que Deus se apiade de nós, pois vergonha na cara nossas elites nunca terão mesmo.
(Comentário no Jornal Eldorado da Rádio Eldorado – FM 107,3 – na sexta-feira 19 de janeiro de 2018, às 7h30m)
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Abaixo, a íntegra da degravação do comentário:
Eldorado 19 de janeiro de 2018 – Sexta-feira
Emanuel A manchete do Estadão “Em crise, Caixa prevê 37% de aumento para seus vices – é simplesmente aterradora. Como explicar um absurdo dessas dimensões a esta altura do campeonato?
Em busca de R$ 15 bilhões para se capitalizar e com quatro vice-presidentes afastados por suspeita de irregularidades, a Caixa prevê aumento de remuneração de seus vices este ano. O rendimento total de cada um deles, que era de R$ 63, 5 mil por mês em 2017, poderá passar a ser de R$ 87.4 mil mensais, se acumulados os limites máximos dos honorários, mais ganhos por metas e desempenho pessoal – que são variáveis – e benefícios. O último reajuste dos bancários foi de 2.75%, abaixo da inflação anual de 2017, de 2,95% O banco definiu que gastará em 2018, R$ 12,5 milhões com executivos, a maioria indicada por partidos políticos. O reajuste dos vices foi aprovado na assembleia geral do banco, em dezembro, mas necessita do aval do conselho de administração, Em nota, a Caixa informou que a remuneração leva em conta fatores como metas e desempenho dos gestores.
Não dá para ler uma notícia destas sem sentir uma profunda náusea, uma extrema mágoa e uma invasão completa de angústia e desesperança. O Brasil é realmente um caso único de privilégios sem fim nem razão para uma casta política inepta, incompetente e corrupta sustentada por um povo jogado na miséria, na ignorância e na completa falta de perspectivas. Nós somos a pátria do descaso, do desprezo e do desespero. Que Deus se apiade de nós, porque vergonha na cara nossas elites nunca terão mesmo.
Carolina O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse ontem nesta quinta-feira, 18, que a equipe econômica vai apresentar “nos próximos dias” alternativas para capitalizar a Caixa sem recursos do FGTS. Isso alivia um pouco a tristeza desse seu desabafo?
Esse medida de transferir dinheiro do trabalhador para capitalizar a Caixa em R$ 15 bilhões já era um acinte antes, mas agora passou a ser um escárnio, quando ficamos sabendo das suspeitas de corrupção que levaram ao afastamento de quatro vice-presidentes do banco.
SONORA MEIRELLES FGTS
“Vamos viabilizar a recapitalização da Caixa. A capacidade da Caixa deve ser preservada para continuar emprestando onde deve, que é a construção de mais moradias”, comentou o titular da Fazenda após gravar entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes. “Talvez não seja necessário entrar nessa discussão do FGTS”, acrescentou.
Urge agora afastar a possibilidade de transferir dinheiro da poupança do trabalhador para inserir a Caixa nos limites impostos para a banca internacional, numa demonstração cabal de que a imaginação de nossa casta dirigente política é capaz de alcançar todas as brechas para tirar dinheiro do bolso furado do cidadão para enriquecer os partidos, seus dirigentes e aqueles que em seu nome se dizem representantes do povo. De um vexame para outro vamos atingindo o estágio do inacreditável.
Emanuel Como já havia dito antes em manifestações durante a investigação em torno do Decreto dos Portos, o presidente Michel Temer negou que o Grupo Rodrimar tenha sido beneficiado com a edição do decreto dos Portos, publicada em maio de 2017 em resposta às perguntas da Polícia Federal na investigação que apura um suposto esquema de corrupção no Porto de Santos. Ele o convenceu?
Passou a época em que eu recebia presente de Natal no sapato e acreditava quando mamãe dizia que tinha sido visitado pelo Menino Jesus, que, na minha casa, ninguém nunca acreditou em Papai Noel, não. Segundo Temer, “as empresas do Grupo Rodrimar não foram beneficiadas com a edição do Decreto nº 9.048/2017, conforme demonstram os documentos do Ministério dos Transportes constantes dos autos de investigação e complementados pelos que estão sendo feitos em separado, por petição”.
As perguntas que precisam ser respondidas pela sociedade ainda não o foram e ainda dizem respeito ao encontro nada republicano com Joesley Batista. Por que ele recebeu o bamba do abate no porão do Jaburu na calada da noite e fora da agenda? Por que a guarda do Palácio permitiu a passagem do intruso apenas por ter ele se identificado por Rodrigo. Por que Rodrigo não seria o Rocha Loures, o homem da mala? E como estas muitas outras ainda nãoforam esclarecidas.
Carolina Ao responder as 50 perguntas encaminhadas pela Polícia Federal no âmbito do inquérito que apura supostas irregularidades da edição do decreto dos Portos, o presidente Michel Temer atacou a PF e classificou os questionamentos de agressivos e afirmou que algumas perguntas colocam em dúvida sua “honorabilidade e dignidade pessoal”. Ele tinha algum motivo para ficar abespinhado?
Temer escreveu o seguinte “Na verdade elas denotam absoluta falta de respeito e de urbanidade e principalmente ausência das necessárias imparcialidade e isenção por parte de quem deve buscar a verdade real e não a confirmação de uma imaginada responsabilidade”, diz um texto em forma de preâmbulo que acompanha as respostas.
Bobagem. Quem quer respeito respeita o outro. Principalmente alguém quem ocupa um cargo importante da importância e do poder do dele. Ele é que mancha a instituição da Presidência da República, a República e a própria democracia ao permitir que mais de 200 milhões de brasileiros convivam com esse absurdo de serem presididos com alguém que foge de ser investigado comprando para isso os votos de parlamentares que desonram a representação popular de que são investidos. Não adianta fingir indignação e mágoa. Indignados e magoados ficamos nós, presidente.
Emanuel O governo de São Paulo conseguiu cassar duas liminares que suspenderam o leilão, marcado para hojena B3, das linhas 5-Lilás e 17-Ouro do Metrô. Isso resolve o problema criado pela greve parcial do Metrô que parou a cidade ontem?
Foram cinco pedidos de liminar, dos quais três foram negados e dois concedidas. Agora, essas duas liminares foram cassadas.
Este é mais um absurdo com o qual a Nação é obrigada a conviver. Parte do espectro político nacional é ocupado por uma esquerda burra, oportunista, corrupta e absolutamente irresponsável. Todos esses grupelhos, que não têm nenhuma representação popular, que nada nem ninguém representam, paralisam o transporte público, prejudicado diretamente os mais pobres que precisam desse transporte para se deslocarem de casa para o trabalho e não tem quem os defenda no governo, no Legislativo nem também na própria Justiça. A maior cidade da América Latina foi completamente paralisada ontem por uma greve política, sempre decretada em anos de eleição e com motivação absurda. Greves são feitas na luta por melhores salários e condições de trabalho do trabalhador. Como parar de trabalhar para protestar contra a privatização decidida por um governo legitimamente eleito pelo povo? O governador disse ontem que precisa privatizar para conseguir gerir a malha metroviária na metrópole. Os movimentos de esquerda que paralisaram parcialmente o Metrô não têm nenhuma justificativa nem proposta decente alguma para promover a bagunça que impediu trabalhadores de comparecerem ao trabalho, doentes serem transportados por ambulância para os hospitais e tolheu o direito constitucional de ir e vir dos cidadãos. Este ano a Constituição de 1988 completa 30 anos e ainda não foi votada a lei que regulamente o direito do funcionário público à greve. Isso também é causa dos movimentos de paralisação e é uma vergonha de uma classe política que ocupa os parlamentos para votar projetos de interesse próprio.
Carolina O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB), condenado a 87 anos de reclusão, chegou a Curitiba na noite de ontem. Foi transferido para lá após a Justiça reconhecer regalias na prisão. Cabral deixou a cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Nortee vai ficar no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba. A decisão foi justa?
As regalias de Sérgio Cabral de que você falou é que provocaram sua remoção para o Paraná. Em Bangu 8, onde ficou seis meses, Sérgio Cabral circulava livremente fora da área reservada aos presos d recebia encomendas das mãos de um inspetor e visitas fora de hora.A promotora de Justiça Andréa Amim falou sobre os privilégios de Sérgio Cabral:
SONORA AMIM
Ontem o juiz Sérgio Moro ordenou a transferência para o Complexo Médico-Penal, em Pinhais. A juíza Caroline Vieira Figueiredo, da 7.ª Vara Federal, do Rio, também determinou a remoção do ex-governador e assinalou que ‘os presos do colarinho branco não podem, de forma nenhuma, ter tratamento mais benéfico que outros custodiados’.
Esta é outra notícia revoltante que estamos dando hoje aqui. Sérgio Cabral, que pode vir a ser condenado a 300 anos de cadeia, chegando perto de seu ex-aliado do MDB Eduardo Cunha, para quem o MPF pediu pena de 386 anos, tinha vida de nababo, o que é inaceitável num país em que teoricamente todos são iguais perante a lei. Ele já tinha sido transferido antes para um presídio de segurança máxima federal, mas o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, aquele da marchinha do “estou roubando, vem me soltar” não autorizou a remoção. Não será surpresa, depois de seu veemente libelo a favor do habeas corpus em artigo na Folha, ele o libere de novo. Mas isso só o tempo dirá.
Emanuel O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que a campanha de vacinação contra a febre amarela, que tem início no próximo dia 25 em 54 cidades paulistas, deve ser estendida a todas os municípios do Estado. Isso resolve o drama?
Segundo Alckmine, se houver necessidade, toda a população paulista será vacinada até o fim do ano. Tomara que isso se confirme na realidade. “Se for preciso vamos vacinar, mas o importante agora é evitar o pânico. O que temos aqui é a forma silvestre da febre amarela”, disse ele.
O Brasil está dando marcha ré para o século 19 e os governantes ainda querem transferir parte da responsabilidade pelos casos e pelas mortes por febre amarela aos cidadãos. Quanto cinismo. Alckimin e Doria pelo menos apareceram, embora não tenham tomado nenhuma providência concreta para resolver a crise. O que dizer desse ministrinho da Saúde e do presidente da República que não dão as caras para assumir sua responsabilidade no episódio. E ainda querem respeito!
SONORA Casa Aberta de Milton Nascimento e Flávio Henrique, com Milton e Marina Machado