Comentário no Jornal Eldorado: Segurando a chupeta

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Sobre o perdão liminar concedido a Temer por metade dos deputados federais circula um meme nas redes sociais citando Millor Fernandes: “Este sim é um Congresso eficiente. Ele mesmo rouba. Ele mesmo investiga. Ele mesmo absolve”. A votação resulta de uma visão corporativista e patrimonialista dos bens públicos, que permitiu a compra de votos por Temer para garantir um julgamento favorável. A retaliação que o Centrão pede que o governo faça contra quem votou pelo recebimento da denúncia de Janot não me surpreenderá. Mas será de uma burrice atroz. Pois pode atrapalhar a única agenda que resta ao governo: as reformas para salvar a economia. Os votos para absolver Temer não são suficientes e não é prudente renegar outros.

(Comentário no Jornal Eldorado da Rádio Eldorado – FM 107,3 – na sexta-feira 4 de agosto de 2017, às 7h30m)

Para ouvir clique no link abaixo e, em seguida, no play:

https://soundcloud.com/jose-neumanne-pinto/neumanne-0408-direto-ao-assunto

Para ouvir a marcha do Cordão da Bola Petra, com Carmen Costa, clique no link abaixo:

Para ouvir no Blog do Nêumanne, Politica, Estadão, clique no link abaixo:

http://politica.estadao.com.br/blogs/neumanne/segurando-a-chupeta/

 

E abaixo a íntegra da degravação do comentário:

 

 

Eldorado 4 de agosto de 2017 – Sexta-feira

Há 40 anos Rachel de Queiroz entrou para a ABL. .Este comentário é em sua homenagem.

A manchete do Estadão hoje não deixa dúvidas: a base de Temer no Congresso põe foco na reforma política, Depois de a Câmara rejeitar prosseguimento de denúncia contra Temer, parlamentares aliados querem agora foco na aprovação de mudanças nas regras eleitorais. Isso não é preocupante?

Isso é o que mais me preocupa neste day after da decisão da Câmara. Após a Câmara rejeitar a denúncia contra Temer, parlamentares da base aliada querem agora concentrar esforços nas próximas semanas na aprovação da reforma política, que prevê mudanças no sistema político-eleitoral e estabelece um fundo com recursos públicos para financiar as eleições. Essas medidas precisam ser aprovadas na Câmara e no Senado em 60 dias para que tenham validade já nas eleições de 2018. É o que relatam hoje os repórteres do Estadão em Brasília Isadora Peron, Julia Lindner e Vera Rosa. Felizmente, contudo, neste período, o governo estabeleceu como prioridade no Congresso o avanço da reforma previdenciária. Por ser uma proposta de emenda à Constituição, a alteração na Previdência precisa passar por dois turnos de votação em cada uma das Casas e ter, no mínimo, 308 votos a favor na Câmara. Na votação da denúncia, o presidente obteve 263 votos a favor e 227 contra. E maioria absoluta não garante reformas.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que espera que a reforma da Previdência seja aprovada na Câmara e no Senado até o fim de outubro.

SONORA 0408 MEIRELLES

A base acha que não há tempo a perder na reforma política por causa do prazo determinado na Constituição, que prevê que só valem medidas aprovadas até um ano antes do pleito. Esse argumento é especialmente majoritário no Centrão, grupo do qual fazem parte PP, PSD, PR e PTB, e foi decisivo na votação que barrou a acusação formal por corrupção passiva contra Temer. Até deputados da oposição defendem dar prioridade agora à reforma política. É a bóia de salvação do consenso

A aprovação de novas regras eleitorais é vista pelos parlamentares como essencial para garantir a reeleição e, por isso, tida como prioritária pela classe política. O foco será a criação de um fundo público de financiamento para as campanhas, na ordem de 3 bilhões e meio de reais, para contornar as dificuldades de arrecadação criadas com a proibição das doações empresariais e as investigações da Lava Jato. Estão metendo a mão em nosso bolso para se livrar de ter de cortá-las, flagrados em roubo.

Outros três pontos também já encontram consenso entre os parlamentares: o fim das coligações, a aprovação de uma cláusula de barreira – ou desempenho – para dificultar a criação de novos partidos, o que é realmente fundamental e de fato vai melhorar o atual sistema político.

Já a antecipação da chamada janela partidária, que permite que um parlamentar migre de uma sigla para a outra sem perder o mandato só serve aos desprezíveis deputados, e não à cidadania que paga a conte..

O Congresso também deverá discutir alterações no modelo das eleições para deputados e aprovar o “distritão” – pelo qual são eleitos os candidatos mais votados. Pelo sistema atual, chamado proporcional, o nome mais votado não garante necessariamente uma cadeira na Câmara. Ele soma o número de votos de todos os candidatos da legenda e, a partir daí, se definem quantos assentos o partido terá direito.

Millor: isto sim é um Congresso eficiente. Ele mesmo rouba. Ele mesmo investiga. Ele mesmo absolve

3 tipos os que também roubaram e querem manter o foro para garantir impunidade. Os que roubam e não foram descobertos e fazem o possível para se prevenir para que isso acontece. E os que ainda não roubaram e estão aprendendo com o TSE e o plenário da Câmara que o crime compensa.

E que providências que Suas Excelências pretendem tomar para salvar a própria pele do escalpe?

Há duas comissões na Câmara debatendo esses assuntos. Relator de uma delas, o deputado Vicente Cândido (PT-SP) deve apresentar uma nova versão do seu parecer na próxima terça-feira. Esse é o texto que discute temas como financiamento de governo e sistema eleitoral. Reforma do mal.

O projeto relatado pela deputada Shéridan (PSDB-RR) trata de uma proposta de emenda à Constituição e tem como foco o fim das coligações partidárias e a cláusula de barreira. Esta é a reforma do bem.

Os dois textos precisam ser primeiro aprovados pelas respectivas comissões para depois seguir para o plenário. Após passarem pela Câmara, os projetos ainda têm de ser analisados pelo Senado.

Em outra reivindicação, parlamentares do Centrão ameaçam votar contra a reforma da Previdência caso o governo não puna deputados que apoiaram o prosseguimento da denúncia contra Temer. O argumento é de que, se o Planalto não retaliar os infiéis com a perda de cargos, parlamentares que foram leais se sentirão desobrigados a votar a favor da mudança previdenciária.

Para líderes do Centrão, se não houver punição, deputados da base vão achar que também estão no direito de desobedecer à liderança do partido nas próximas votações. Temer já pediu um levantamento dos infiéis.

Centrão Eduardo Cunha. Lei de talião, dente por dente olho por olho. É uma visão corporativista e patrimonialista dos bens públicos, que permitiu a compra de votos por Temer para garantir um julgamento favorável. Não me surpreende se acontecer. Mas será de uma burrice atroz. Por que pode atrapalhar a única agenda que resta ao governo: as reformas para salvar a economia. Os votos para absolver Temer não sãosuficientes. Há, sim, deputados que votaram contra Temer e podem votar pelas reformas, caso dos do PSDB. Mas quem garante que todos os que protegeram Temer serão a favor de medidas que não chegam a ser muito populares?

O primeiro a alertar sobre isso foi o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que avalia que o governo terá que reorganizar a base de apoio para conseguir avançar com a agenda de reformas, especialmente a da Previdência, que precisa de no mínimo 308 votos para ser aprovada no plenário da Casa.  Ele será ouvido?

SONORA 0408 MAIA

Manchete da Folha Apoio de deputados a Temer encolhe40% após delação da JBS.

Maia anda muito sensível. Foi dito até que Mariángeles, sua mãe, é que o chamou às falas sobre o prejuízo à carreira em caso de ele trair o presidente. Será que esse chororô não tem que ver com a perda da oportunidade de ocupar a Presidência, o que dificilmente acontecerá de novo.

SONORA BEBÊ CHORANDO

https://www.youtube.com/watch?v=5IUnqp2Wv4o

O presidente Michel Temer disse que a vitória na Câmara na quarta-feira barrando a denúncia contra ele por corrupção passiva, deu início à “derrota” daqueles que querem afastá-lo. Ele não está exagerando?

“É curioso que, ao longo do tempo, o que tem acontecido é exatamente a  derrota daqueles que querem ver prosperar essa eventual possibilidade do afastamento do presidente da República”, disse Temer, em entrevista a Reinaldo Azevedo, da rádio BandNews. O presidente voltou a chamar a denúncia de “inepta” e disse que as acusações são de “natureza política”.

Temer disse que não era “uma vitória pessoal”, mas sim “do Estado democrático”. Chamou a denúncia de kafkiana. Li tudo Kafka na adolescência em Campina Grande. Duvido que Temer tenha lido. Desafio a um debate sobre a obra do maior romancista do século 20.

Temer está cada dia mais auto-indulgente, embriagado com suas vitórias no Congresso. Alguém precisa lembrar a ele que ganhou as batalhas parlamentar e jurídica. Mas a guerra política está perdida. Não tenho dúvidas de que ele terá na eleição de 2018 o mesmo papel que Sarney teve na de 1988: o de Judas a malhar no sábado de aleluia. Apesar de toda a sabedoria política de seus advogados, dificilmente ele escapará da cadeia quando cair de volta na vala comum da primeira instância. É bom deixar a empáfia de lado e cuidar de reformar completamente o governo com gente honesta e disposta a realmente aprovar as reformas necessárias para tirar o País do buraco em que a administração petista a que serviu nos enfiou.

Foi noticiado ontem que o presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati, amanheceu furioso com a ação truculenta dos assessores de Temer, inclusive de seus correligionários ministros para salvar a pele do presidente e só não entregou a presidência do partido de volta ao afastado Aécio porque foi convencido por este a ficar até o fim do ano. Será verdade?

Atingido pelas delações da JBS, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) anunciou ontem que vai continuar como presidente licenciado do PSDB até o fim do ano. E que está passando o comando do partido, de fato, ao senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Foi definido um calendário para a eleição da Executiva Nacional, quando se escolherão o próximo presidente tucano e o candidato do PSDB à Presidência da República em 2018.

Tucanos divididos, em cima do muro, nada mudou. Macheza anunciada, firmeza finda.

O prefeito de São Paulo, João Doria, já disse que o Aécio devia ter a grandeza de compreender que seu período se encerra neste momento para uma nova etapa na vida do PSDB. E, em carta endereçada a Tasso, os economistas tucanos Elena Landau, Edmar Bacha, Gustavo Franco e Luiz Roberto Cunha fazem um “apelo” para que a sigla desembarque do governo na convenção de agosto e renove sua direção – hoje, oficialmente, ainda com o senador Aécio Neves (MG).

Juizo e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Mas é difícil ter juízo com cargos no governo e a perspectiva do alfange do juiz Moro para os que não têm foro. É ou não é?

Wanessa Campos Mariángelis, a verdadeira mandachuva na casa dos Maia

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José Nêumanne Pinto

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