É um acinte um presidente da República transportar um staff, seja de 58 ou de 40 pessoas, para uma base da Marinha, que dispõe de taifeiros, camareiros e garçons. Se a Marinha não tem condições de dar segurança ao presidente, urge extingui-la. A desculpa de Padilha de que outros presidentes fizeram o mesmo é inacreditável. O presidente mais impopular da História do Brasil não pode ir aos sambódromos do Rio e de São Paulo, à Praça Castro Alves em Salvador ou ao Marco Zero do Recife temendo ser vaiado e, aí, vai se esconder em Marambaia. Deslocar esse batalhão num momento de crise em que ele baixou uma regra para funcionário só viajar de classe econômica e em que exige sacrifícios da população com a reforma da Previdência, é um escárnio (alô, Carminha).
(Comentário no Jornal Eldorado da Rádio Eldorado – FM 107.3 – na quinta-feira 8 de fevereiro de 2018, às 7h30m)
Para ouvir, clique no play abaixo:
Para ouvir clique no link abaixo e, em seguida, no play:
https://soundcloud.com/jose-neumanne-pinto/neumanne-0802-direto-ao-assunto
Para ouvir Evocação n.º 1, com Coral Mocambo, clique no link abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=7FNhDiqLErY
Para ouvir no Blog do Nêumanne, Política, Estadão, clique no link abaixo:
http://politica.estadao.com.br/blogs/neumanne/mordomia-acintosa/
Abaixo, a íntegra da degravação do comentário:
Eldorado 8 de fevereiro de 2018 Quinta-feira
Haisem Afinal de contas, quantos funcionários o casal Temer levou para servi-lo no carnaval à beira-mar na restinga de Marambaia?
O ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) afirmou ontem que o presidente Michel Temer desistiu de levar uma comitiva de 60 pessoas para a base naval na Restinga de Marambaia, no Rio, onde passará o carnaval com a família. A desistência ocorre depois de o caso ter sido divulgado pelo colunista Lauro Jardim, no site do GLOBO.
Em entrevista à “Rádio Gaúcha”, Eliseu Padilha disse que a comitiva seria formada por 58 pessoas, mas Temer pediu ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), responsável por organizar as viagens presidenciais, que reduzisse o número de integrantes. Para transportar 60 pessoas, a Força Aérea Brasileira (FAB) teria de realizar dois voos entre Brasília e Rio.
— Primeiro, não vão 60 pessoas. Irá um contingente menor. Quando surgiu o assunto na mídia ontem (terça-feira), o presidente chamou quem organizou a caravana e pediu: “nós vamos reduzir esse número de pessoas para o mínimo indispensável”. Mais da metade desse contingente é segurança, que trabalha com o presidente em Brasília e vai junto no avião. O segurança não trabalha 24h. Ele trabalha 8h, depois 8h, depois 8h. Então, precisa de três pessoas para o mesmo turno — justificou Padilha.
— Deve baixar em torno de 40, eu calculo. Importante é que não está sendo contratado ninguém. E não é o presidente Michel Temer. É a Presidência da República. E isso já existia com outros presidentes, mas não veio a público — afirmou Padilha. — Lá (base naval) não tem ninguém, então leva cozinheiro, pessoa que cuida da arrumação da casa. Não está contratando ninguém. É o pessoal que serve o presidente aqui em Brasília e que vai com ele nessa viagem. No auge da carda de pau, o dr. Padilha ainda disse que não sabe por que veio a público isso agora, porque esta é a rotina de todos os presidentes. Esse staff acompanha todos os presidentes.
Primeiramente, é um acinte um presidente da República transportar um staff seja de que tamanho for para uma base da Marinha, que dispõe de taifeiros, camareiros e garçons para servir a quem quer que seja. E se a Marinha não tem condições de dar segurança ao presidente, urge extingui-la. Em segundo lugar, a diferença entre 58 e 60 é muito menor do que a de 60 e 40. A desculpa de que outros presidentes fizeram o mesmo é inacreditável. Como é cínico o Padilha. A verdade é que o presidente mais impopular da História do Brasil não pode ir aos sambódromos do Rio e de São Paulo, à Praça Castro Alves em Salvador ou ao Marco Zero do Recife porque certamente vai ser vaiado. Então, vai se esconder em Marambaia. Agora, para isso deslocar esse batalhão num momento de crise em que ele baixou uma regra para funcionário só viajar de classe econômica – que é uma medida correta – e que exige sacrifícios da população com a reforma da Previdência, é como diria sua ex-amiga Cármen Lúcia um escárnio.
Carolina Não há algo de errado na perícia da Polícia Federal não conseguir quebrar sigilos nos computadores de Lúcio Vieira Lima e dos 77 delatores premiados da Odebrecht?
O perito federal Fábio Sícoli informou aos investigadores encarregados dos inquéritos em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) que a Polícia Federal não conseguiu destravar o celular do deputado Lúcio Vieira Lima (MDB-BA) para acessar o conteúdo. Lúcio é investigado no caso dos R$ 51 milhões apreendidos em Salvador e seu aparelho foi recolhido pela PF. De acordo com o relato de Sícoli, a perícia não dispõe de ferramenta capaz de desbloquear o telefone nas versões mais atuais do sistema operacional. Ou crime está informatizado e a Polícia Federal tem equipamentos da Idade da Pedra Lascada para investigá-lo ou esta história está muito mal contada. Tem muito dinheiro em jogo e isso cheira mal.
Aliás, nesta semana o editor da Record, Carlos Andreazza, levantou essa lebre no artigo O mistério da Lava Jato, publicado no Globo. Ele contou:
Há seis meses, cinco discos rígidos com cópia das informações — e dois pen drives que deveriam dar acesso ao software — chegaram ao Ministério Público Federal. Desde então, porém, nada. Nem MPF nem Polícia Federal conseguiram restaurar-lhe o conteúdo. De consistente mesmo, a respeito, apenas o movimento — em curso — para abafar a história e deixar tudo como está, e a desconfiança de que o trabalho por quebrar os códigos do programa foi deliberadamente negligenciado. Um exemplo, na melhor das hipóteses, da profundidade da incompetência em questão: o MPF simplesmente não testou as chaves de acesso no momento da entrega do material. Hoje, suspeita-se — tudo, claro, sob investigação — de que os dispositivos tenham sido apagados e reescritos. Que tal? E concluiu:
Se a entrega do conteúdo codificado no Mywebday integra o acordo de leniência da empresa, e se, afinal, sua leitura for mesmo inexpugnável, isso não significará comprometer gravemente o contrato firmado entre empreiteira e Estado brasileiro? Ficará por isso mesmo?
Tem caroço a ser pescado nesse angu. Concordo, assino em baixo e pergunto por onde andam os loquazes Raquel Dodge e Fernando Segóvia para dar uma explicação ao distinto público pagante. Tem gato nessa tuba.
Haisem O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse ontem que vai negar pedido para proibir provisoriamente a prisão após condenação em segunda instância até que o plenário da Corte tome uma decisão final sobre o tema. Ele recuou?
A petição foi apresentada pelo advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que é advogado de diversos políticos investigados na Operação Lava Jato, como o líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR), e o ex-presidente José Sarney.
“Não posso (ir contra o plenário). Isso já passou pelo crivo do plenário. Por melhor que seja a intenção”, disse Marco Aurélio nesta tarde. Ele é relator das ações que versam sobre o tema no STF.
Segundo o ministro, o atual entendimento do STF, de 2016, prevê a possibilidade da execução antecipada da pena e não seria adequado tomar uma decisão monocrática no sentido contrário. Na época do julgamento, há dois anos, Marco Aurélio se posicionou contra a prisão após segunda instância, mas foi voto vencido.
Recuar, ele não recuou, mas deu um chega pra lá nesses advogados que dão uma de João sem braço e ficam tentando aproveitar o alarido da esquerda com Lula para levar vantagem em seus casos. De qualquer maneira, é útil esclarecer que Marco Aurélio não está desistindo de sua posição contra a prisão logo após a segunda instância. Ele está apenas transferindo a batata quente para a mão de Cármen Lúcia. E devolvendo o abacaxi pra Kakay.
Carolina A Associação dos Juízes Federais (Ajufe) apresentou uma questão de ordem ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar adiar o julgamento da ação que discute o pagamento de auxílio-moradia. O que a entidade pretende com isso?
O processo ainda não foi pautado formalmente, mas a presidente Cármen Lúcia, indicou a entidades da magistratura que deve colocar o tema para votação em março. A Ajufe alega que a ação deve ser retirada de pauta porque, segundo ela, o rito processual não foi cumprido. Segundo o Estadão publicou em dezembro passado, a concessão generalizada de auxílio-moradia, auxílio-alimentação e auxílio-saúde faz com que 26 tribunais estaduais de Justiça gastem cerca de R$ 890 milhões por ano com esses pagamentos. Na última folha salarial publicada, 13.185 juízes dos TJs (mais de 80% do total) tiveram o contracheque inflado por esses benefícios ou itens similares. Ou seja, onera muito as contas públicas depauperadas. Não é um crime sujo como a corrupção nem tão caro, mas é ilícito, de vez que os próprios beneficiários estão reconhecendo que é um truque para driblar a Constituição e isso não é o que se espera de nenhum juiz, principalmente esses heróis que combatem a roubalheira.
Haisem O Banco Central anunciou ontem o 11º corte consecutivo dos juros básicos da economia. A taxa Selic caiu 0,25 ponto porcentual e passou de 7% para 6,75% ao ano – o menor nível desde sua criação em 1996. Não deixa de ser uma boa notícia nesta crise, não é?
Ah, é. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, responsável pela decisão, também sinalizou que o mais provável é que o movimento tenha sido o último do atual ciclo de cortes da taxa básica. Uma nova redução pode ocorrer em março apenas se o cenário melhorar. Para economistas, a aprovação da reforma da Previdência seria um dos fatores para isso.
Ainda não é o fim da crise. O Estado brasileiro está devendo a reforma da Providência para dar um jeito no descalabro das contas públicas, mas é um anúncio que faz história e pelo menos tira o País daquele impasse causado pelos juros estratosféricos praticados entre nós.
Carolina O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse que não foi e nem vai procurar as lideranças do PTB para que o partido indique outro nome para substituir o da deputada Cristiane Brasil (RJ) para o Ministério do Trabalho. Quer dizer que a novela Vai, ministra também continua longe do desfecho, é?
Povinho persistente, hein? Diante das inúmeras denúncias que existem contra ela, agora acrescidas pela informação de que é alvo de um inquérito que apura suspeitas de tráfico de drogas e associação para o tráfico durante a campanha eleitoral de 2010, noticiado pelo Estado.
“Os ataques são em função de um ativismo político de setores do Judiciário”, desabafou o ministro, avisando que o presidente Michel Temer não abre mão da prerrogativa de nomear quem quiser.
Marun continua dando uma de valentão de circo, mas isso não limpa em nada a ficha de madame Brasil nem também afasta para longe as suspeitas de que o pai dela, o ex-presidiário Roberto Jefferson, dono do PTB, tem algumas contas secretas a acertar com a turma que o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot chamou de quadrilhão do PMDB, que perdeu o pê da denominação, mas está longe de ter adotado o pê de pudor na gestão pública. Estamos falando de Temer, Moreira e Padilha, o trio Parada Dura.
Haisem Que explicações o Tribunal de Contas do Município (TCM) de São Paulo o o Ministério Público do Estado pediram à Prefeitura da capital e à empresa Dream Factory sobre a instalação das câmeras para o monitoramento de nosso carnaval de rua?
Esses pedidos foram feitos por causa da morte do estudante Lucas Antônio Lacerda da Silva, de 22 anos, eletrocutado no último domingo, 4, durante o desfile de um bloco de carnaval. A Prefeitura ainda não se manifestou sobre o assunto e o prefeito tentou tirar o braço da seringa.
Ontem eu já cobrei isso do Doria. A responsabilidade é da prefeitura e Doria não pode fugir dela como passou esse tempo todo fugindo de casa para fazer campanha pelo Brasil afora. Está na hora de assumir essa responsabilidade, no mínimo pedir desculpas à família da vítima e à população posta em risco com essa instalação mal feita de câmeras e mostrar que tem condições de assumir outros cargos que ambiciona.
O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, foi ao local do desabamento do viaduto no Eixão se explicar. Mas ontem o Congresso em Foco informou que ele vetou em 2015 uma lei que obriga o governo a fazer perícia técnica anual em pontes e viadutos do sistema viário do DF. Felizmente, contudo, o veto foi derrubado pelo plenário da Câmara Legislativa no ano passado. O socialista podia dormir sem essa, não era?
SONORA Evocação n.º 1, Nelson Ferreira