Comentário no Jornal Eldorado: Meu palácio, minha vida

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Segundo a pesquisa Pulso Brasil, feita pelo Ipsos Public Affairs, 94% dos entrevistados reprovam a atuação de Temer à frente do governo, um ponto porcentual a mais que na pesquisa realizada um mês antes. Segundo o responsável pela pesquisa, Danilo Cersosimo, “os efeitos da crise política e da delação premiada de Joesley Batista ainda se mantêm”. O humor popular não deve prevalecer sobre os preceitos constitucionais, mas está mais do que na cara que a impopularidade de Temer é justa. Ele nunca foi muito querido, mas agora há um sentimento quase unânime de que as condições de governabilidade não existem e Temer deveria prestar mais atenção a isso, se tiver, não apenas grandeza, mas também juízo.

(Comentário no Jornal Eldorado da Rádio Eldorado – FM 107,3 – na quarta-feira 26 de julho de 2017, às 7h30m)

Para ouvir clique no link abaixo e, em seguida, no play:

https://soundcloud.com/jose-neumanne-pinto/neumanne-2606-direto-ao-assunto-1

Para ouvir Despacito do Maduro clique no link abaixo:

Para ouvir no Blog do Nêumanne, Poliltica, Estadão, clique no link abaixo:

http://politica.estadao.com.br/blogs/neumanne/meu-palacio-minha-vida/

Abaixo, a íntegra da degravação do comentário:

Eldorado 26 de julho de 2017 Quarta-feira

O nível de reprovação dos brasileiros em relação ao presidente Michel Temer atingiu 94%, novo recorde absoluto, segundo pesquisa feita pela Ipsos Public Affairs. Você acha que isso alterará a História do Brasil?

Segundo a pesquisa Ipsos, 94% dos entrevistados reprovam a atuação de Temer à frente do governo, um ponto porcentual a mais que na pesquisa realizada um mês antes.

“Identificamos que os efeitos da crise política e da delação premiada de Joesley Batista ainda se mantêm. Esse quadro tende a se manter nos próximos meses com a pauta do aumento de impostos”, comentou Danilo Cersosimo, diretor da Ipsos Public Affairs, responsável pelo Pulso Brasil.

Além disso, foram analisadas a popularidade de 33 nomes listados entre políticos e personalidades públicas. Os mais populares são o juiz Sérgio Moro (64%), o apresentador Luciano Huck (45%), o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa (44%), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (29%), a presidente do STF, Cármen Lúcia (28%), e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot (24%).

Na contramão, os mais impopulares são o próprio Michel Temer (94%); o deputado cassado Eduardo Cunha, do PMDB-RJ, que está preso (93%); o senador do PSDB-MG Aécio Neves (90%); o senador do PMDB-AL Renan Calheiros e a ex-presidente Dilma Roussef empatados com 80%, e o senador do PSDB-SP José Serra (75%).

A pesquisa aponta também que, para 95% dos brasileiros, o País está no rumo errado.

Não acredito que o humor popular possa prevalecer sobre os preceitos constitucionais, mas está mais do que na cara que a impopularidade de Temer tem razões específicas. Ele nunca foi o queridinho das massas, mas há um sentimento quase unânime de que as condições de governabilidade não existem na atual circunstância e Temer poderia prestar atenção a isso, se tivesse, não apenas grandeza, mas também sensatez, até juízo.

Mas você acha que Temer não tem?

Qual o quê. Ele assumiu de vez o papo furado da recuperação da economia e falou disso em cerimônia no Palácio do Planalto ontem, ao anunciar mudanças de regras para o setor de mineração, aliás muito criticadas. Em discurso, Michel Temer fez questão de ressaltar o protagonismo do Congresso.

SONORA 2607 TEMER

Prestígio no Congresso ele tem, mas apenas o suficiente para evitar a autorização para o Supremo mandar seguir a investigação pedida por Janot. Condições de governar, nem tanto. Acabo de ler notícia sobre a situação de penúria do Estado brasileiro: declarado patrimônio da humanidade, cais do Valongo, no Rio, amanheceu alagado.

Esta pesquisa foi feita antes do aumento dos impostos dos combustíveis. Você acha que os índices podem ter piorado?

O atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sinalizou que o governo deverá recorrer imediatamente sobre a deliberação do Tribunal Regional Federal no Distrito Federal (TRF-DF) que suspendeu o aumento dos combustíveis que vinculava as alíquotas de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e do Programa de Integração Social (PIS), editado pelo governo federal na quinta-feira (20).

A pasta da Fazenda confirmou que a Advocacia-Geral da União (AGU) protocolou o recurso para caçar a decisão do TRF-DF da 1ª Região.

SONORA 2607 MEIRELLES

Meirelles também alertou para o cálculo das alíquotas para que não afetasse tanto o bolso dos brasileiros, pois o Pis e Confins são os impostos “mais eficientes”, salientou o ministro.

Enquanto o Palácio do Planalto tenta cortar gastos e equilibrar as contas públicas, o Conselho Superior do Ministério Público Federal decidiu nesta terça-feira, 25, incluir na proposta orçamentária de 2018 um reajuste de 16,3% para os procuradores da República. Isso dá uma idéia do verdadeiro espírito público dos procuradores?

O impacto na folha de pagamento previsto para o ano que vem é de 116 milhões de reais. Os conselheiros também aumentaram a previsão orçamentária para a força-tarefa da Operação Lava Jato em 2018 de 522 mil para 1 milhão e 650 mil. Atualmente, o salário bruto dos membros do Ministério Público Federal varia de 28 mil reais a 33 mil e 700 reais, segundo a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). O valor máximo corresponde à remuneração bruta do procurador-geral da República, que é igual a dos ministros do Supremo Tribunal Federal, considerado o teto do funcionalismo público.

Os procuradores demonstraram ter corporativismo muito superior ao espírito público.

E o que me diz quanto ao espírito público do presidente Temer?

O deputado Pedro Paulo (PMDB/RJ) disse há pouco ao Broadcast Políticoque o presidente Michel Temer garantiu o montante de R$ 13 milhões para as escolas de samba do Rio para o desfile do ano que vem. A Prefeitura do Rio reduziu em 50% o repasse das escolas para o desfile de 2018. Segundo o deputado, o Presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), Jorge Luiz Castanheira Alexandre, fez uma apresentação e mostrou a necessidade de R$ 13 milhões, apesar de que ao todo foram cortados pela prefeitura R$6,5 milhões.

“Pedimos intervenção do governo no carnaval. O presidente garantiu esses recursos, disse que carnaval não terá falta de recursos”, afirmou. Paulo disse ainda que os R$ 13 milhões serão conseguidos via “patrocínio ou via apoio direto do orçamento do governo federal”

O deputado disse que Temer determinou que o novo ministro da Cultura, Sergio Sá Leitão, e o ministro do Turismo, Marx Beltrão, façam “a engenharia necessária” para garantir a promessa feita aos sambistas. “O presidente falou que podemos voltar e anunciar o carnaval e disse ‘o governo federal vai garantir o carnaval do Rio com os mesmos recursos dos outros anos’”, afirmou o deputado carioca. O que temos a ver com o carnaval?

Ou seja: Temer só quer saber de se manter na Presidência gastando os caraminguás dos cofres públicos, mesmo que tenha alcançado os mais altos índices de impopularidade da História. Isso contradiz tudo o que ele diz.

O MST invadiu fazendas de políticos e personalidades comprometidas nas denúncias de corrupção por motivo de alto civismo?

A notícia da invasão das fazendas de Blairo Maggi, coronel PM SP João Baptista Lima, Ciro Nogueira e do cartola Ricardo Teixeira, é puro marketing para mascarar a insignificância do MST. Mas termina lembrando também que Lula e Dilma em 13 anos e meio de governo não distribuiu as terras que prometeu e o MST queria e continua cobrando.

Editorial do Estadão A ousadia do MST

O “exército de Stédile” preferiu concentrar-se em terras de “latifundiários” que “são acusados, no cumprimento de função pública, de atos de corrupção”. Sob esse excêntrico argumento, que nada tem a ver com reforma agrária, invadiu a fazenda de um amigo do presidente Michel Temer, além de terras do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Ricardo Teixeira, da família do senador Ciro Nogueira (PP-PI) e da família do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, entre outras propriedades.

Prometeu impedir impeachment de Dilma e a condenação de Lula. Não conseguiu. Dilma foi deposta e Lula vê militantes cada vez em menor número protestando contra a sentença do juiz Sérgio Moro. Eu diria que a possibilidade de movimentos sociais porem fogo no Brasil para evitar a condenação do padim está próxima de ser considerada minguante, como uma das fases da lua. Aliás, por falar nisso, o TRF4 manteve ontem os bloqueios dos bens de Lula sentenciados por Moro, sabia?

Volto ao editorial do Estadão hoje para confirmar e reforçar meu argumento

Tudo isso seria apenas anedótico não fosse a constatação de que o MST continua a atuar livremente, embora infrinja a lei dia e noite. Mais do que isso: confiante na impunidade, sente-se estimulado a cometer seus crimes em nome de uma agenda política deletéria, que inclui não apenas “derrotar o projeto da burguesia”, mas também promover a defesa intransigente de ditaduras latino-americanas, como a da Venezuela, com a qual, aliás, o MST mantém estreita colaboração. O Estado não pode continuar inerte diante de quem desafia a ordem de modo tão insolente.

Você gostou da versão de Despacito que Maduro roubou para fazer propaganda da eleição de sua constituinte particular domingo na Venezuela?

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que mandou prender três juízes indicados pelo parlamento de maioria oposicionista para a suprema corte alternativa, adotando prática defendida pelo presidente da comissão especial para reforma de nosso código de processo penal, Danilo Forte, PSB do Ceará, indo pro DEM, disse ontem que é “vítima de uma perseguição mundial” vinda de Miami com a proibição de uma versão da música Despacito com a qual promove a Assembleia Constituinte.

“Saíram de Miami para proibir o vídeo de Maduro. É um vídeo proibido no mundo, pela ditadura imperialista, não se pode ouvir. O estão eliminando; a perseguição mundial contra mim”, denunciou o presidente durante um ato em Caracas.

Maduro voltou a compartilhar em transmissão televisiva o áudio de sua versão do hit mundial dos artistas porto-riquenhos Luis Fonsi e Daddy Yankee, que com toda razão reclamaram do roubo de seu imenso sucesso mundial.

Todo mundo já deve ter ouvido a música original. Vou pedir ao almirante Nelson que toque a versão do imaturo comandante Maduro. Embora eu preferisse a malemolência de Martinho da Vila em Devagar, devagarinho

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José Nêumanne Pinto

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