O que resulta da defesa de Temer à CCJ, de autoria do criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, com 100 páginas, maior do que a acusação, é a tentativa de desmoralizar a guarda do palácio, que deixou um intruso entrar a altas horas da noite com um gravador, e a perícia da Polícia Federal, que teria produzido um laudo “imprestável” Mariz fez ainda considerações sobre a conversa entre o presidente Temer e Joesley, seu visitante. Este gravou o diálogo e entregou à Procuradoria-Geral da República como parte de seu acordo de delação premiada. Além disso, a defesa de Temer desqualificou a qualidade e a decência de uma instituição antes tida como respeitável, o MPF. Isso vale a pena? Duvido.
(Comentário no Jornlal Eldorado da Rádio Eldorado – FM 107,3 – na quinta-feira 6 de julho de 2017, às 7h30m)
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Abaixo, o texto da degravação do comentário na íntegra:
Emanuel: A defesa de Temer, entregue ontem pelo criminalista Antônio Cláudio Mariz à Câmara é suficiente para convencer os recalcitrantes da inocência do primeiro presidente acusado por crime na História?
50 dias depois da revelação do encontro de Temer com Joesley tudo o que a defesa de Temer teve a apresentar a seus julgadores da CCJ foram a história inverossímil de um presidente que recebeu uma companhia indesejável quando esperava o assessor especial Rocha Loures e críticas ásperas a uma gravação feita por um gravador que não poderia ter gravado a conversa. O que resulta do documento de 100 páginas, maior do que a acusação, é a tentativa de desmoralizar a guarda do palácio, que deixou o intruso entrar com o gravador, a perícia da Polícia Federal, que produziu um laudo imprestável O criminalista dedicou o capítulo 7 do documento para fazer considerações sobre a conversa entre Temer e Joesley. O empresário gravou o diálogo e entregou à Procuradoria-Geral da República como parte de seu acordo de delação premiada. Para a defesa de Temer, a gravação do áudio é ‘imprestável’. Além disso, foi posta em questão no documento a qualidade e decência de uma instituição que era tida como respeitável, o MPF. A pergunta é: isso vale a pena? Duvido.
Além disso, Mariz defendeu explicitamente o que Temer enxovalhou: sua condição de presidente, portanto, acima do bem e do mal. É o contrário: o presidente tem a obrigação de agir bem para dar o exemplo. Presidênvcia não é licença para delinqüir, doutor.
A conversa entre o presidente Michel Temer (PMDB) e o empresário Joesley Batista na noite de 7 de março, no Palácio do Jaburu, foi definida pela defesa do peemedebista como um ‘falatório cansativo’ do executivo da J&F. Se o encontro foi chocante, a defesa é implausível.
Emanuel: Segundo o Ministério Público Federal, durante a conversa, Temer dá o aval para a compra de silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ouve Joesley relatar a ‘compra’ de juízes e o pagamento de um mensalinho de 50 mil reais a um procurador da República. Isso ficou provado?
No diálogo de 7 de março, Temer indicou a Joesley o então deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) como uma pessoa de sua ‘estrita confiança’. Em 28 de abril, Rocha Loures foi filmado pela Polícia Federal andando apressado por uma rua de São Paulo, carregando uma mala estufada de propinas da JBS – 10 mil notas de R$ 50, somando 500 mil reais.
No documento, a defesa de Temer afirma que o fato de o encontro no Jaburu ter sido noturno, ‘não tem o condão pretendido pela acusação para imputar práticas irregulares ao presidente’.
SONORA 0704 MARIZ
Segundo o criminalista, ‘o presidente apenas respondia laconicamente a comentários que se mostravam desencontrados no decorrer da conversa, mas que se revelaram, posteriormente, apropriados ao objetivo perseguido pelo empresário’.
“Restou claro que o presidente estava apenas ouvindo o falatório cansativo do empresário, e sem interferir na sua narrativa, que se mostrava sempre desconexa e confusa, limitando-se, mais uma vez, a responder com frases curtas e evasivas numa evidente demonstração de que a conversa lhe parecia despropositada”, afirmou Mariz.
“Para abreviar o encontro indicou o nome de Rodrigo, como uma pessoa de sua “estrita confiança” justamente para evitar que Joesley o procurasse com a insistência já referida anteriormente. Mais uma vez, nada que valide o discurso acusatório, com base na conversa, de que Rodrigo era “pessoa de sua estrita confiança para tratar dos interesses escusos de Joesley Batista. Não é o que consta do áudio anexado aos autos e produzido ilicitamente.”
Segundo a defesa, o nome de Rocha Loures ‘apareceu somente após o empresário perguntar qual seria “a melhor maneira” para falar com o Presidente, pois não queria “incomodar”’.
“Ora, ele não pediu para ter um interlocutor para tratar de assuntos escusos, proibidos ou inconfessáveis. Ele pediu a indicação de alguém a quem devesse se dirigir caso precisasse conversar novamente com o Dr. Michel. Não houve “combinação” alguma que servisse de lastro ao raciocínio ministerial! Esta é mais uma conclusão desacertada da acusação”, anotou Mariz. Resta saber por que Joesley mereceu essa primazia, esse privilégio. Isso continua sem ser explicado.
“Tratou-se, pois, de conversa estimulada, provocada, simulada, induzida. Nestas condições restou viciado também o seu conteúdo. Imprestável, assim, as conclusões dela decorrentes. Em consequência lógica, é inviável a sustentação de tão grave acusação com base neste elemento.”
Isso tudo é verdade. A questão é saber por que o presidente não interrompeu a conversa nem repreendeu nenhuma vez o interlocutor.
Por fim, o advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira negou que o governo esteja na UTI. “Está na lanchonete do hospital.” Em que essa declaração melhora a situação do presidente na CCJ? Ele disse exatamente o seguinte: “Eu não sou médico, não conheço bem a divisão do hospital, mas eu diria que está na lanchonete do hospital. Está comemorando, está pensando, está trabalhando pelo País”, afirmou. Diante disso resta constatar que a acusação é inócua. O advogado parece cumprir o papel do promotor.
Emanuel: A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal para investigar o senador José Serra (PSDB-SP) sob a suspeita de que ele teria recebido doação não contabilizada na campanha eleitoral à Presidência da República em 2010. Que conseqüências nefastas esse processo pode trazer para o PSDB, na altua conjuntura?
Com base em depoimentos do delator Joesley Batista – dono do Grupo J&F, que controla a empresa JBS -, a PGR suspeita que Serra possa ter cometido o crime de caixa 2 eleitoral, prática que prevê até 5 anos de prisão.
Joesley contou em depoimento que Serra teria lhe procurado, na sede do grupo empresarial JBS, em São Paulo, para pedir financiamento para a disputa eleitoral presidencial de 2010. O delator disse que passou R$ 7 milhões não contabilizados, e outros R$ 13 milhões oficialmente declarados – totalizando R$ 20 milhões para a campanha presidencial.
Doação tida como legal faz parte da propina, sim
Diante disso, a pergunta a fazer é que faz o Serra querendo disputar eleição presidencial depois de uma acusação desse tipo? Os tucanos perderam completamente qualquer condição de liderar uma oposição interessada em combater a corrupção no Brasil. Não resta um grupo importante e confiável para assumir essa missão.
Janot continua sem dar uma explicação viável para ter perdoado dois mil anos de cadeia a Joesley sem ele ter explicado como enriqueceu de forma tão espantosa nos governos do PT tendo apenas conversas republicanas com Luciano Coutinho, Lula e Dilma.
Emanuel: Segundo Fernando Nakagawa, repórter do Estado de S.Paulo, o presidente Michel Temer teria indicado em reunião com sindicalistas que o governo vê positivamente a ideia de uma nova contribuição sindical a ser paga pelos trabalhadores que participam dos acordos coletivos. Essa é a reforma trabalhista de que o Brasil anda precisando?
A medida seria uma alternativa ao fim do imposto sindical previsto na reforma trabalhista.
Em encontro realizado nesta quarta-feira, 5, Temer reafirmou o compromisso de ajustar a reforma trabalhista em alguns pontos após eventual aprovação no plenário do Senado.
“O presidente disse que topa fazer a discussão sobre essa proposta de financiamento aos sindicatos”, disse o primeiro-secretário da Força Sindical, Sergio Luiz Leite, que participou do encontro no Palácio do Jaburu. A entidade defende que haja livre negociação entre sindicatos e trabalhadores beneficiados por uma convenção – independentemente de o empregado ser ou não sindicalizado. “Queremos a livre negociação e dar poder para que as assembleias decidam a maneira dessa contribuição”, explicou o sindicalista. O estudo da nova forma de financiamentos dos sindicatos havia sido antecipada pelo Broadcast no início de junho.
Emanuel: Um grupo de entre 80 e 200 militantes chavistas invadiu nesta quarta-feira, 5, a Assembleia Nacional venezuelana armado com paus, bombas caseiras e armas de fogo e agrediu parlamentares opositores, jornalistas e funcionários do Legislativos. Ao menos 15 pessoas ficaram feridas, entre elas cinco deputados. Um deles teve se ser internado. Ainda se pode falar em democracia na Venezuela?
Depois do episódio, o ditador Nicolás Maduro condenou a violência, mas considerou o episódio “estranho”. A oposição qualificou o episódio de um novo passo do autoritarismo chavista. Os parlamentares feridos são Américo de Grazia, Nora Bracho, Armando Armas, Luis Carlos Padilla e Leonardo Regnault. De Grazia sofreu traumatismo craniano, desmaiou e teve costelas fraturadas, mas não corre risco.
Ontem Gleisi Hoffman tomou posse na presidência do PT. Vamos ouvi-la
SONORA 0607 GLEISI
Na solenidade, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que ninguém quer mais o afastamento do presidente Michel Temer (PMDB) do que os trabalhadores brasileiros. Lula, no entanto, ressaltou que uma eventual substituição do peemedebista pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não é necessariamente uma boa notícia para a militância petista.
Em evento de posse da senadora Gleisi Hoffmann (PR) para presidente nacional do PT, a ex-presidente Dilma Rousseff criticou o que chamou de “lideranças do golpe” e disse que a história foi “severa e implacável” com figuras como o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), além do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB), que está preso. A petista também disse, na noite desta quarta-feira, em Brasília, que o impeachment “caminha a passos largos para a ruína”.
Foto de André Dusek no jornal: o multirréu de dedo em riste com pose de pastor evangélico e os outros todos olhando pra baixo com cara de velório
Nenhuma palavra sobre seus compadres venezuelanos.
É muita cara de pau.