Comentário no Jornal Eldorado: Dane-se o país

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Não precisa ser nenhum candidato ao Prêmio Nobel de Economia para perceber que a péssima notícia de que a base do governo não topa aprovar o saneamento das contas públicas ameaça a boa nova de que a criação de empregos cresce pelo sexto mês consecutivo. E isso é muito grave e preocupa qualquer brasileiro de bom senso. Pois se trata de um evidente sinal de que, infelizmente, não há descolamento entre a recuperação da economia e a crise política provocada pelo excesso de denúncias contra o presidente da República e seus amigos do peito suspeitos, alguns presos, outros denunciados e mais alguns no exercício de cargos e mandatos que lhe dão a garantia do foro privilegiado, que, no Brasil, é o melhor jeito de garantir enquanto estiver no poder impunidade ampla, geral e irrestrita, garantida pelo Supremo.

(Comentário no Jornal Eldorado da Rádio Eldorado – FM 107,3 – na sexta-feira 20 de outubro de 2017, às 7h30m).

Para ouvir, clique no play abaixo:

Ou clique no link abaixo e, em seguida, no play:

https://soundcloud.com/jose-neumanne-pinto/neumanne-2010-direto-ao-assunto

Para ouvir Baiano burro nasce morto, com Gordurinha, clique no link abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=RbdDQ0QJFsI

Para ouvir no Blog do Nêumanne, Política, Estadão, clique no link abaixo:

http://politica.estadao.com.br/blogs/neumanne/dane-se-o-pais/

 

Abaixo, a íntegra da degravação do comentário:

 

Eldorado 30 de outubro de 2017 – Sexta-feira

Segundo manchete de primeira página do Estadão de hoje, “Base rejeita pauta de Temer para economia após denúncia. Ao lado, na dobra de cima outra notícia dá conta de que “Criação de empregos cresce pelo 6.º mês consecutivo. Uma coisa não ameaça a outra?

Confiantes de que a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer será rejeitada na próxima quarta-feira, 25, pelo plenário da Câmara, governo e deputados já articulam a agenda para o dia seguinte, mas divergem sobre as prioridades. Enquanto o Palácio do Planalto dá preferência para propostas que ajudam a fechar as contas públicas, a maioria impopular, parlamentares buscam impor uma agenda própria, com forte apelo na sociedade, como projetos ligados à área da segurança pública.

Líderes dos principais partidos da base aliada ouvidos pelo Estadão/Broadcastdescartam votar matérias consideradas impopulares a menos de um ano para as eleições de 2018, quando eles tentarão renovar seus mandatos. Citam o aumento de alíquota da contribuição previdenciária para servidores e o adiamento do reajuste do funcionalismo público.

A criação de empregos formais no Brasil cresceu em setembro pelo sexto mês consecutivo, dado comemorado pelo Ministério do Trabalho como sinal de consolidação da trajetória de recuperação. Foram abertos 34.392 novos postos com carteira assinada no mês passado, e o crescimento no número de vagas já chega a 208,8 mil no ano. Esse desempenho fortalece a tendência de recuperação do mercado de trabalho. O coordenador ponderou que ainda não dá para dizer, no entanto, que houve uma “volta à normalidade” no emprego. Ele ainda disse que tradicionalmente os resultados de dezembro são negativos, por isso ainda é preciso ver como será o comportamento do mercado de trabalho de fato nos próximos meses.

Não precisa ser nenhum candidato ao Prêmio Nobel de Economia para perceber que a primeira notícia ameaça a segunda, o que é grave e preocupante.  Não há descolamento entre a recuperação da economia e a crise política provocada pelo excesso de denúncias contra o presidente da República e seus amigos do peito suspeitos.

Um desses amigos suspeitos é GeddelVieira Lima. Pelo que disse a procuradora-geral da República, a batata desse aí, por exemplo, já está sapecando, é ou não é?

Pois sim. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, considerou que o ex-ministro Geddel Vieira Lima “parece” ter assumido a posição de líder de uma organização criminosa. Para ela, a prisão preventiva do ex-ministro é “imprescindível” para a continuidade das investigações.

Geddel foi preso em julho por tentativa de obstrução de justiça, mas colocado em prisão domiciliar dias depois. No último dia 8 de setembro, o ex-ministro foi novamente preso preventivamente após a Polícia Federal encontrar o equivalente a R$ 51 milhõesatribuídos a ele em um apartamento em Salvador (BA), na operação Tesouro Perdido.

Para Raquel Dodge, Geddel “fez muito em pouco tempo”. “A sua defesa não tem razão quando afirma que a apreensão destes quase R$ 52 milhões não é causa suficiente para um novo decreto de prisão. Não há registro histórico no Brasil de apreensão maior de dinheiro e, ao que tudo indica, dinheiro público desviado e ocultado ilicitamente”, escreveu Raquel. Segundo ela, o “valor monumental” indica a gravidade do crime.

Geddel foi ministro de Lula e responde por crime de corrupção por sua passagem numa vice-presidência da Caixa no governo Dilma, além de ter sido secretário de governo e da maior intimidade no atual governo Temer. Quer dizer que é uma figurinha carimbada que revela o alto grau de comprometimento da cúpula federal com os crimes apurados na Lava Jato.

Relatório da Polícia Federal apontou que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), realizaram 43 chamadas telefônicas via WhatsApp entre si no período entre 16 de março e 13 de maio deste ano. Por que a PF se intromete nas relações pessoais do presidente nacional do PSDB e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral? Isso não pode, não, é?

De acordo com duas tabelas anexadas pela PF no relatório, referentes a dois celulares de Aécio Neves, teriam sido 38 chamadas com um celular de Aécio, e 5 com outro, dentro desse período de tempo. Do total de 43, 20 tiveram zero segundos de duração, sugerindo que não foram completadas. Outras 23 tiveram duração de tempo que variou entre alguns segundos e oito minutos.

A PF destacou que Gilmar Mendes é relator de quatro inquéritos contra Aécio no STF e frisou que ao menos uma das ligações foi feita em um dia no qual o ministro deu uma decisão que suspendeu um interrogatório pelo qual o investigado deveria passar no dia seguinte

Segundo a PF, “algumas dessas ligações, ou simples tentativa, ocorreram no dia 25/04/2017, mesma data em que o ministro Gilmar Mendes deferiu monocraticamente requerimento do senador Aécio Neves, relativo à suspensão de interrogatório que seria realizado nesta Policia Federal no dia seguinte, 26/04/2017, nos autos do Inquérito 4244-STF, conforme se verifica em tela de acompanhamento processual daquela Suprema Corte”.

Não é crime amigos se falarem ao telefone, mas a informação da polícia comprova as relações promíscuas entre os três poderes em Brasília.

Em meio à polêmica com a publicação de uma portaria que modifica as regras de combate ao trabalho escravo, o mesmo Gilmar Mendes disse que o tema é polêmico, mas que deve ser tratado sem partidarizações ou ideologizações. “Eu, por exemplo, acho que me submeto a um trabalho exaustivo, mas com prazer. Eu não acho que faço trabalho escravo. O comentário é apropriado?

Antes do comentário, vamos ouvir Gilmar Mendes

SONORA 2010 MENDES

Não não é. Ele disse também que já brincou até no plenário do Supremo que, dependendo do critério e do fiscal, talvez ali na garagem do Supremo ou na garagem do TSE, alguém pudesse identificar, ‘Ah, condição de trabalho escravo!’. É preciso que haja condições objetivas e que esse tema não seja ideologizado”

O tom da declaração é altamente desrespeitoso com cidadãos extremamente pobres cujas relações trabalhistas se aproximam da escravidão, como são os casos dos andinos que trabalham em confecções em São Paulo ou bóias frias de plantações pelo interior do Brasil. Por que não te callas, Gilmar?

Aliás, em outra notícia de primeira página do Estadão ficamos sabendo que o Planalto admite rever portaria do trabalho escravo. Eu duvide-o-do que Temer ponha em risco sua preciosa pele;

E o que me diz da frase do pré-candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, sobre uma de suas possíveis adversárias em 2018, Marina Silva?

No Rio a um grupo de empresários que foram ouvir sua plataforma de governo, o ex-governador do Ceará disse que não a vê com energia para a disputa e que, além disso, “o momento é muito de testosterona”, hormônio masculino. Também dirigiu críticas aos tucanos Geraldo Alckmin, João Dória e Aécio Neves, a quem chamou de “cadáver político”.

“Aécio é um cadáver político, e o que se faz com um cadáver é sepultar. E aí não sei por que não se sepulta. O cara está lá dando as cartas. A onda de revolta pede que ele saia da presidência do PSDB (da qual Aécio está licenciado). Ele não vai sair. Então não resolve”, disse.

A declaração sobre Marina é machista e grosseira, lembrando aquela frase famosa de Ciro em campanha eleitoral, dizendo que a função de sua então mulher na campanha era “dormir com o candidato”. Aqui vale mais uma vez a frase dura e correta do então rei da Espanha a Hugo Chávez em Santiago: e por que no te callas, Ciro? Quem fala muito dá bom dia a cavalo, já dizia minha avó, a sábia macróbia do Rio do Peixe.

Ainda nesse festival de cafajestice que assolou o Brasil ontem teve outro bateboca grosseiro entre um deputado e um ministro. Como foi?

De fato, os ânimos se exaltaram na Comissão de Segurança Pública da Câmara entre o ministro da Cultura, Sérgio de Sá Leitão, e o deputado Givaldo Carimbão (PHS-AL). A sessão precisou ser suspensa. A confusão começou após o parlamentar relembrar uma exposição de arte em que a imagem de Nossa Senhora era explorada. “Eu queria que fosse com a mãe do ministro”, disse Carimbão. “Eu queria pegar a mãe do ministro e colocar com as pernas abertas”, continuou a provocação, segundo revelou Andreza Matais na Coluna do Estadão.

Neste momento, Sérgio Sá se levantou para deixar a sessão e, exaltado, pediu respeito à mãe já falecida. Houve bate-boca. O presidente da comissão, Alberto Fraga (DEM-DF), pediu que as ofensas fossem retiradas das notas taquigráficas e encerrou a sessão. ÀColuna, o ministro Sérgio Sá lamentou as ofensas a mãe dele. “É lamentável porque havia uma discussão que estava se estabelecendo. Espero que esse episódio não comprometa o prosseguimento do debate”, disse o ministro.

Isso pode parecer um detalhe de somenos importante, mas eu o convoco a pensar sobre as conseqüências funestas desta crise política, econômica, financeira e ética que está afundando o Brasil, entre elas este festival de cafajestice de homens públicos que deviam frear a língua e respeitar não o ministro ou a ex-ministra, mas a cidadania em geral e em particular os pobres trabalhadores que não se submetem à troca de trabalho apenas por alimentação precária  porque querem, mas porque precisam. Então, vamos voltar a el Rey: Por que não te callas, Carimbão?

O Valor Econômico publicou que AGU acelera tratativas da Oi. Quando nosso suado dinheiro deixará de ser usado para salvar acionistas e credores da telegangue, contrariando os interesses da União, ou seja, de nós todos?

Nessa reunião a que você se refere, a ministra da AGU, Grace Mendonça “tranquilizou” os credores e que não haverá privilégios para os acionistas da companhia.

Ministra Grace, a primeira vítima da Oi a ser defendida tem de ser a União, em segundo lugar, os consumidores, depois os credores e se sobrar os acionistas, nessa ordem. Os acionistas que dirigem a Oi tomaram as decisões que levaram a companhia a essa situação. Se tivesse dado certo não iriam repartir o resultado com ninguém. Em um sistema capitalista o acionista fica no fim da fila. A ordem dessa fila só muda mesmo no Brasil, com a ajuda do Temer, do Baleia Rossi, do Kassab, do Quadros e do juiz Fernando Viana, da 7ª Vara Empresarial do Rio, que cuida da concordata da OI.  Essa história da Oi é um escândalo! Tem de tudo. Diretor Jurídico denunciado pelo Ministério Público por formação de quadrilha, estelionato, patrocínio infiel e lavagem de dinheiro, Eurico Teles. E Advogado, Arnold Wald, que atua simultaneamente para os credores e para um dos acionistas, Tanure. Pau que nasce torto não tem jeito morre torto, baiano burro garanto que nasce morto. Burro o baiano Tanure não é. Aliás, quem é burro nessa novela que parece não ter fim?

SONORA Baiano nasce morto Gordurinha

 

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José Nêumanne Pinto

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