Comentário no Jornal Eldorado da Rádio Eldorado: Leilões de legendas

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Segundo revelou a revista Veja, Alexandrino Alencar, um dos 78 delatores da Odebrecht, contou que, em 2014, a chapa Dilma-Temer comprou tempo de rádio e televisão, que é tido como forma democrática de evitar a influência perniciosa e decisiva do poder econômico e político para alterar a decisão do eleitor. Depois disso, não dá mais sequer para conviver com a convicção que Brasília inteira tem de que o ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE, comanda na Corte que preside um acordão para derrubar o relatório de Herman Benjamin, que não deverá ter contemplação em relação a esse tipo de delito. Rx-dirigentes do PROS vongitmstsm que a delação não é, como insite Dilma, mentirosa. Que vexame!

(Comentário no Jornal Eldorado da Rádio Eldorado – FM 107,3, na segunda-feira 1.ª de maio de 2017, às 7h30m)

Para ouvir clique no link abaixo e, em seguida, no play

https://soundcloud.com/jose-neumanne-pinto/neumanne-0105

Para ouvir Não leve flores, com Belchior, clique no link abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=fcfUoF6uqyo

Para ouvir no Blog do Nêumanne, Política, Estadão, clique no link abaixo:

http://politica.estadao.com.br/blogs/neumanne/leiloes-de-legendas/

 

Eldorado 1º de maio segunda-feira

SONORA ALEXANDRINO 0104
BELCHIOR Não leve flores

Segundo a revista Veja deste fim de semana, o ex-deputado federal pelo PROS Salvador Zimbaldi admitiu que recebeu de Alexandrino um pacote contendo dinheiro, que foi repassado a seu partido em contrapartida por seu apoio para aumentar o tempo de televisão na campanha de Dilma. O que essa acusação traz de novo para o julgamento da ação do PSDB contra a chapa Dilma e Temer em 2014?

Pois é, Camila. Em depoimento ao Ministério Público Federal, o ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Alexandrino Alencar, afirmou que o PT orquestrou um esquema para a compra do tempo de rádio e TV de cinco partidos que faziam parte da coligação de apoio à candidatura de Dilma: PROS, PCdoB, PRB, PDT e PP. É a ignomínia que faltava ser revelada no processo relatado pelo ministro Herman Benjamin no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo o delator da Odebrecht, a chapa acusada comprou tempo de televisão, que é tido como uma democrática de evitar a influência perniciosa definitiva do poder econômico e político para alterar a decisão do eleitor. A reportagem da Veja é definitiva. Não dá mais sequer para conviver com a convicção que Brasília inteira tem de que o ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE, está comandando na Corte que preside um acórdão para não acompanhar o relatório de Benjamin, que, na certa, não terá contemplação em relação a esse tipo de delito.

É bom lembrar que a confirmação de vários ex-dirigentes do PROS de que a delação não é, como Dilma vive repetindo, falsidade para comprometê-la. Ou seja, é a prova de que mais uma delação não é mentirosa. Que vexame!

Aliás, a manchete do Estadão de ontem  introduziu uma expressão crítica a respeito da atitude dos políticos brasileiros acusados de corrupção na Operação Lava Jato: “amnésia moral”. Pesada,hein?

Pois é, Camila. O marqueteiro João Santana, que foi também uma espécie de espírito santo de orelha de Dilma Rousseff em suas duas campanhas vitoriosas, o que reforça o peso de sua delação premiada na Lava Jato, disse em depoimento que o uso de caixa 2 na campanha eleitoral de Dilma Rousseff (PT) em 2014 reforçou a percepção de que os políticos brasileiros sofrem de “amnésia moral”. O diabo é que a expressão é dura e cabe como uma luva para desmascarar a tentativa de se manter impoluta no meio da sujeira. Em depoimento sigiloso à Justiça Eleitoral o publicitário, que foi responsável pelas campanhas do PT à Presidência da República em 2006, 2010 e 2014, Dilma “infelizmente” sabia do uso de recursos não contabilizados em sua campanha e se sentia “chantageada” pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht, que ele detestava e chamava de “menino”.

De acordo com Santana, ela teria sido uma “Rainha da Inglaterra” em se tratando das finanças de sua campanha, não sabendo de todos os detalhes dos pagamentos efetuados. Mas, de acordo com a reportagem de Rafael Moraes Moura, indagado se a presidente cassada tinha conhecimento de que parte das despesas era paga via caixa 2, o marqueteiro foi categórico: “Infelizmente, sabia. Infelizmente porque, ao me dar confiança de tratar esse assunto, isso reforçou uma espécie de amnésia moral, que envolve todos os políticos brasileiros. Isso aumentou um sentimento de impunidade”. “Dilma se achava chantageada pelo Marcelo”, contou Santana à Justiça Eleitoral. Conforme o relato do publicitário, o objetivo da chantagem seria intimidar a então presidente a ponto de fazê-la impedir o avanço das investigações da Lava Jato.

Mas apenas o depoimento de João Santana, a seu ver, basta para por por terra a versão de conto de fadas de Dilma de que ela seria uma vestal num prostíbulo de corrupção e estelionato?

Poderia até ser, pois sabemos que ele não foi apenas o marqueteiro, mas também o filósofo e confessor da presidente candidata à reeleição. Mas ele não foi o único a incriminá-la. O texto de Rafael também registra que, conforme depoimento do ex-diretor de Crédito à Exportação da Odebrecht Engenharia e Construção João Nogueira à Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-presidente da Odebrecht enviou, por meio do governador de Minas, Fernando Pimentel, documentos que demonstravam o uso de caixa 2 na campanha da petista. O objetivo era demonstrar que Dilma não estava blindada na crise de corrupção que se instalou no seu governo.

Dilma também teria sido avisada reiteradas vezes de que a sua situação poderia se complicar se ela não barrasse um acordo internacional entre autoridades do Ministério Público do Brasil e da Suíça, já que a conta da sua campanha estaria “contaminada”.

A informação de que Dilma sabia do uso de caixa 2 foi considerada um fato novo pelo ministro Herman Benjamin. O assunto “caixa 2” foi tratado por Dilma e por João Santana já em abril e maio de 2014, antes do início oficial da campanha eleitoral. De acordo com o marqueteiro, o pagamento “oficial” estava em dia, enquanto os repasses de recursos não contabilizados via Odebrecht sofriam atrasos. Santana foi questionado no depoimento se esses atrasos não seriam genéricos, mas o próprio marqueteiro enfatizou que a demora nos pagamentos sempre envolve a parte não contabilizada. O publicitário afirmou que já estava acostumado a dar “alerta vermelho” sobre atrasos, desde a época em que trabalhou na campanha de Lula à Presidência, em 2006. No depoimento, João Santana, conhecido como Patinhas desde a adolescência, bancou o analista imparcial ao filosofar com afirmações do gênero: “Caixa 2 é uma coisa nefasta”, criticou Santana, que disse não haver campanha eleitoral sem a irrigação de recursos não contabilizados – mesma constatação que já havia sido feita por Marcelo Odebrecht em outro depoimento ao ministro Herman Benjamin. Para o marqueteiro, a definição das coligações em torno de candidaturas são “leilões”, envolvendo uma série de interesses e negociações, como a distribuição de cargos. Mesmo dizendo considerar Dilma Rousseff uma política honesta, o marqueteiro reconheceu que a petista acabou “fatalmente nessa teia”.

No depoimento dele também sobrou para Temer, que foi vice de Dilma nas duas campanhas e sem quem ela não teria chegado nem ao segundo turno nas duas disputas, apesar de ser grande o prestígio de seu padrinho Lula que terminou os dois mandatos por cima da carne seca no eleitorado, como se diz na gíria. Temer ficou mal na foto quando Santana contou que ele fez o possível e o impossível para aparecer mais na campanha. Essa percepção de que Temer sempre fez parte do esquema criminoso, aliás, é que impede que ele consiga se desvencilhar do esquema. É isso que explica a impopularidade dele que só cresce segundo a pesquisa do DataFolha publicada ontem na Folha de S. Paulo. Na verdade, esta farpa jogada por Patinhas é apenas mais um detalhe nas evidências das participações do atual presidente nas pilantragens petistas do governo anterior. Basta ver seus oito ministros delatados pelos 78 da Odebrecht na Lista de Fachin.

Um desses ministros é o de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações de Temer, Gilberto Kassab. Afinal, o escândalo da Oi ainda não terminou. Foram publicadas novidades no fim de semana?

Um passo a mais vai ser dado pela Anatel, presidida por Juarez Quadros, que está propondo que a dívida, de R$ 20 bilhões da Oi com a Anatel, por multa por serviços não prestados, deveria ser transformada em investimentos. Alguém deveria informar a Juarez Quadros que multa é um direito da União e, se for para converter em alguma coisa, teria de ser em proveito da União e não em proveito de quem deve a multa. A Oi já protagoniza a maior concordata do Brasil, R$ 65 bilhões em dívida. Não adianta para a União converter essa dívida de R$ 20 bilhões em ações. De fato, a União já é sócia da Oi, através dessa dívida.
A União deve é cobrar o seu direito. E, se a Oi não pagar, a Anatel deve assumir, via intervenção, o controle administrativo da Oi. Tirar a empresa das mãos de quem a quebrou, regularizar os serviços, se ressarcir dos créditos e vender os ativos para quem possa pagar os credores, o que der.
A União tem de mudar a sua postura. Tem de sair da linha “da farinha pouca o pirão da sociedade, dos contribuintes, fica por último”.
O editorial da Folha de S.Paulo, de ontem reforça o óbvio. “Não se pode aceitar o uso de dinheiro dos contribuintes, mesmo sob o disfarce de descontos nas dívidas com o erário.”  E mais (…) Dez anos depois, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva alterou a legislação para permitir que o grupo, já sob o nome atual, multiplicasse seu poderio com a compra da Brasil Telecom. O projeto megalômano de criação de uma supercompanhia descambou para uma escalada de endividamento. Gostaria de saber por que as teles privatizadas gozam de tanta leniência do Estado brasileiro. O colega Lauro Jardim, em sua coluna no Globo, afirma que os procuradores da Lava Jato ainda não se interessaram no “recall” da delação premiada da Andrade Gutierrez em vasculhar a compra que a Oi fez da Gamecorp, empresa de quintal, do filho de Lula.  Diz Lauro Jardim que a Oi pagou R$ 5,2 milhões pela Gamecorp, além de ter injetado, R$ 82 milhões.
Os procuradores deveriam apurar de vez essa história da Oi, Gamecorp, desses R$ 90 milhões, dessa Lei que permitiu a criação da Oi e o Juarez Quadros deveria cobrar essa multa da Oi. O presidente da Anatel é pago pela União e não pode favorecer acionistas e credores, propondo dar os direitos da União para os acionistas e credores.  Isto não pode ser de graça.

Por falar em Lula, o Valor Econômico publicou na semana passada reportagem contando que Lula inclui banqueiros na lista de testemunhas. Lula quer se livrar do processo ganhando tempo na oitiva de testemunhas que nada têm a testemunhar a respeito dos fatos pelos quais é incriminado?
Segundo reportagem de Carolina Mandl, no Valor, a longa lista de testemunhas que a defesa do ex­presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregou ao juiz Sergio Moro traz um grupo de pessoas bastante atípico: banqueiros de investimento, advogados especializados em mercado de capitais e auditores. De um total de 86 testemunhas de defesa, 29 delas pertencem a este universo. Esses nomes estão na relação entregue pelos advogados de Lula, por exemplo, o ex-­presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Luiz LeonardoCantidiano; a chefe do banco de investimentos do J.P. Morgan, Patrícia Moraes; Renato Schermann Ximenes de Melo e Sérgio Spinelli, advogados do escritório Mattos Filho; e Fabio Nazari, do BTG Pactual. Procurados pelo Valor, alguns desses executivos se disseram surpresos com a indicação.
O Valor lembra que, em comum, muitos desses executivos indicados pela defesa de Lula têm o fato de terem participado da megacapitalização da Petrobras em 2010, uma operação que movimentou R$ 120 bilhões. Os nomes listados coincidem com os responsáveis pela oferta de ações da Petrobras, conforme mostra o prospecto da transação arquivado na CVM.
Como já faz cerca de sete anos que a oferta de ações da Petrobras aconteceu, vários dos banqueiros listados já nem trabalham mais nas instituições que foram responsáveis por coordenar a capitalização da Petrobras. O que essas testemunhas têm a testemunhar de concreto? Trata-se, pela lógica, de mais uma vergonhosa chicana para ganhar tempo e evitar o enfrentamento definitivo de Lula com o juiz Sérgio Moro.

SONORA BELCHIOR Não leve flores

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José Nêumanne Pinto

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