Comentário no Jornal Eldorado da Rádio Eldorado: Jararaca & ratinho

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O que aconteceu em Curitiba mostrou o quanto há de mito, mentira e até desejo oculto de quem teme ou finge temer Lula. Ele e seus acólitos promoveram nos noticiários e nas redes sociais uma guerra que tem sido anunciada e frustrada: “se prenderem o chefe poremos fogo no País”. O medo da tornarem aas cidades brasileiras praças de guerra para evitarem que a lei seja cumprida virou mesmo um parto da montanha que pariu o rato. No Paraná, Lula se comportou como um ratinho amestrado na sala de audiências e uma jararaca acuada e vingativa no palanque montado a uma distância razoável do fórum, parodiando a dupla de humoristas da Rádio Nacional, Jararaca e Ratinho, numa pessoa só.

(Comentário no Jornal Eldorado da Rádio Eldorado – FM 107,3 – na quinta-feira 11 de maio de 2017, às 7h30m)

Para ouvir clique no link abaixo e, em seguida, no play

https://soundcloud.com/jose-neumanne-pinto/neumanne-1105

Para ouvir o Samba do Crioulo Doido, de Sérgio Porto e com o Quarteto em Cy, clique no link abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=tjSFf8OuUHs

Para ouvir no Blog do Nêumanne, Política, clique no link abaixo:

http://politica.estadao.com.br/blogs/neumanne/jararaca-ratinho/

Abaixo, a íntegra do comentário degravado:

Eldorado 11 de maio de 2017 Quinta-feira

Afinal, quem ganhou o Fla-Flu de Curitiba ontem?

Vou começar este comentário com a devida licença sua e de nossos ouvintes, com um lugar comum. Os vencedores fomos todos nós, porque tivemos reforçada a idéia há algum tempo ameaçada de que estamos num Estado de Direito e a lei e a ordem se impuseram. Essa conclusão tem uma razão. Duas revistas semanais de importância e tradição, a Veja e a IstoÉ, cometeram o maior equívoco editorial da história recente do Brasil anunciando o Fla-Flu político, mais até do que isso, uma espécie de final de campeonato de MMA, entre o juiz justiceiro e o santo guerreiro das crenças populares. Elas, contudo, tinham uma razão para isso. Todos nós temos ouvido há muito tempo vaticínios assustados ou encantados de que o juiz Sérgio Moro, titular da 13;ª Vara Federal Criminal de Curitiba, havia cometido um erro político ao ordenar uma condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no projeto em que o Ministério Público Federal o acusa de ocultação de patrimônio de um tríplex de cobertura no edifício Solaris, primeiro da Bancoop e depois da empreiteira OAS, acusada de corrupção na Lava Jato e que isso praticamente poderia ter impedido o cumprimento de uma eventual condenação e, depois, de uma improvável prisão. O que aconteceu em Curitiba ontem mostrou o quanto há de mito, mentira e até desejo oculto de quem secretamente tem veneração pelo mito de Lula e, por isso, finge temê-lo. O próprio Lula e seus sequazes encheram os noticiários e as redes sociais com uma guerra que vem sendo anunciada e frustrada: se prenderem o chefe poremos fogo no País. O presidente da CUT, Vagner de Freitas, também ameaçou armar o exército dos movimentos sociais para evitar que a petista Dilma Rousseff saísse do governo e ela saiu sem conseqüências funestas para a ordem pública. Nessa mesma direção, o medo da transformação das cidades brasileiras numa praça de guerra para evitar que a lei fosse cumprida virou uma espécie de parto da montanha que pariu o rato. Aliás, talvez caiba aqui uma imagem jocosa. Lula tem alternado suas interpretações de valentão insubmisso e coitadinho perseguido. Em Curitiba, ele se comportou como um ratinho amestrado na sala de audiências e uma jararaca impiedosa no palanque montado a uma distância razoável do fórum. Terminou repetindo uma dupla de humoristas da Rádio Nacional nos anos 40 e 50, Jararaca e Ratinho, na mesma pessoa.

Você acha, então, que a conclamação para a rua evitar que Lula fosse humilhado pela lei fracassou ontem em Curitiba?

O evento foi resumiu-se apenas ao depoimento de um acusado de crime comum perante o juiz que o julga num processo de rotina. Sem conseqüências políticas nem perseguição de ninguém a ele. Disseram que 100 mil pessoas perturbariam os curitibanos porque um juiz paranaense havia ousado desafiá-lo. Já era uma previsão frustrante para quem desafiava a Justiça. Afinal, estou acostumado a ver o País tomado por milhões de manifestantes em passado recente. Com o exagero de sempre falaram em 50 mil, o que já era metade de um número pífio. Quem acompanhou na TV ao vivo se contentaria com 10 mil. Eu, que sou menos afeito a exageros do gênero, diria que 5 mil seria um bom cálculo. Ou seja, um fracasso retumbante. Você dirá que mais retumbante foi o fracasso dos que foram ao Paraná apoiar o juiz paranaense, pois não chegaram na melhor das hipóteses a mil. Concordo. E não caio na armadilha retórica de justificar que os movimentos sociais e o PT convocaram os manifestantes pró-Lula por vários dias e todos os meios, enquanto Moro pediu paz nas ruas e ausência de apoiadores. Prefiro uma interpretação realista e isenta. O PT e os movimentos sociais não têm condições de impedir os passos normais da Justiça numa democracia. E os admiradores da Lava Jato têm muito papo e pouca ação. Ou melhor, pouca mobilização. Não conseguirão na rua impedir que as providências tomadas na primeira instância venham a ser contestadas nas instâncias superiores da Justiça. É a conjunção desses dois fatos que me leva a crer que o funcionamento da Justiça e a consolidação da democracia tiveram vitórias na rua em Curitiba ontem.

Até que ponto o vídeo de Moro nas redes sociais pedindo paz contribuiu para que isso acontecesse?

Muita gente boa esperava que Lula pusesse o juiz no bolso durante o depoimento. Esse pessoal quebrou a cara. Primeiro por desprezar a astúcia do magistrado, como diria o Colorado Chapolim. E depois por menosprezar a evidência de que Lula é frouxo. Mais do que o vídeo o que Moro fez de genial no episódio foi determinar que o réu não fosse tratado como um bandido comum, condição da qual ele é francamente acusado, mas como ex-presidente. Isso apequenou Lula a ponto de ele esquecer, se é que ele sabe, que tem o direito de ser tratado pelo cargo mais importante que ocupou na República: de presidente. Do ponto de vista da retórica, sinceramente, foi-lhe dito o seguinte nas entrelinhas: baixe a bola, meu filho, porque já foi, não pode ficar aí exigindo ser tratado como alguém que virá a ser novamente. Diante de seus prosélitos nos comícios da militância Lula já se jactou que vai se eleger presidente pela terceira vez e vai punir policial e procurador que continuar o perseguindo e prender jornalista que contar mentiras sobre ele. Diante do juiz, afinou. Começou o depoimento muito tenso e, ao longo das cinco horas de depoimento, tentou usar seus velhos truques de retórica e até ensaiou suas tradicionais piadas de mau gosto, mas foi recebido pela gélida indiferença do juiz, que, logo de saída, avisou que o papel dele ali era ser imparcial e julgar. Repare que nem os miquinhos amestrados de Lula presentes à sala de depoimento riu de suas piadas, que, subitamente, perderam a graça.

Em que isso pode ter influência no resultado final do processo e na sentença definitiva do juiz?

Fazendo aqui um resumo para nossos ouvintes, eu diria que Lula negou tudo o que pôde negar e passeou na beira do abismo retórico sempre que foi confrontado com fatos inegáveis. Não foi convincente quando tentou transferir para os procuradores a necessidade de explicar o encontro por estes de um documento sem assinatura em seu apartamento em São Bernardo. Nem foi crível sua versão estapafúrdia de que ele e a família visitavam um apartamento chinfrim no qual estavam interessados. A tentativa de transformar o poderoso empreiteiro e chegado amigo Léo Pinheiro, presidente da encalacrada OAS, em mero vendedor de micos chegou a ser patético. Do ponto de vista de sua transferência de toda a responsabilidade em relação ao tríplex à Marisa Letícia, sua mulher morta, ele não foi original nem em relação a adversários e colegas de infortúnio na Lava Jato. Assim como o PP tentou transferir toda a responsabilidade para Janene e o PSDB fez o mesmo com o pilhado Sérgio Guerra, ele usou o truque de todo malandro flagrado em flagrante delito usando o sagrado cadáver da mulher. Essa foi a parte mais asquerosa de seu depoimento repetindo aliás o que dissera antes na mesma sala seu pecuarista de recado José Carlos Bumlai.

SONORA ENTRA: SONORA 05 DONA MARISA (0:36)
+ Ainda sobre a conduta de Marisa, Lula afirmou que não sabia da visita dela ao apartamento em agosto de 2014, época que, segundo ele, já havia desistido da compra do triplex.

Diante de tudo o que lhe ocorreu, recorrer a esse truque de advogado de porta de cadeia poderia ter sido evitado. Espectadores de estômago frágil podem ter perdido parte de seu depoimento vomitando no banheiro. E os de estômago de avestruz, como eu, concluímos que sua fé na própria capacidade de mentir é insuperável. Essa vileza insuperável tornou-se manchete do Estadão e da Folha e o expôs como malandro campainha, aquele que anuncia o assalto tocando a campainha da casa do assaltado. Tremendo vacilo, companheiro.

E onde mais ele escorregou?

Detesto repetir eu não disse? Mas será inevitável que eu lembre que no dia em que Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobrás, postei no Twitter que mudou completamente o status de Lula no processo, ao contar que se encontrou com ele, em encontro marcado com outro multicondenado, João Vaccari Neto, para tratar de contas no exterior. Até agora 192 pessoas comentaram, quase 2 mil retuitaram e 3 mil e 500 curtiram. Uso os números para mostrar que o que escrevi – “depoimento de Renato Duque é a pá de cal nas fantasias mirabolantes da honestidade ímpar do multirréu da Lava Jato. Bye bye lábia de Lula” é óbvio. E que muita gente mais, à exceção de militantes e miquinhos amestrados – sabe disso. A tentativa de continuar mentindo sem, contudo, desafiar o encontro na condição de ex-presidente da República com um ex-diretor da Petrobrás por indicação do tesoureiro do PT foi muito bem traduzida no título dos destaques de primeira página do portal do Estadão hoje cedo: “Em depoimento Lula se contradiz sobre relação de Vaccari com Duque”. É muito e é grave, mas infelizmente para ele é apenas uma das muitas contradições que essa contradição expõe no resto de sua retórica. Um dos absurdos que ele disse cinicamente é que, desde que assumiu a presidência, deixou de ter alguma relação com o PT. Por que, então, atendeu à sugestão de Vaccari, o tesoureiro do partido, para se encontrar com Duque? Da série infindável de não que disse no depoimento outro absurdo foi esse recurso que usou para tentar se eximir de qualquer responsabilidade na Petrobrás.

+ O juiz Sérgio Moro questiona o ex-presidente Lula sobre as indicações que ele fez para as diretorias da Petrobrás:

LULA 1105 INDICACAO

Seu encontro às escondidas num hangar em Congonhas com o ex-diretor de Serviços da estatal é uma evidente negação de todas as suas negações anteriores e posteriores. O malandro se enrolou na própria malandragem. E sua lábia se mostrou incapaz de desmanchar os fatos, ao contrário de que imaginam seus adoradores, tanto os que foram a Curitiba quanto os que manifestam secretamente sua adoração por meio de falsos temores.

Você descreveu o ratinho em ação no fórum. E na rua que frutos colheu a jararaca?

Quem finge morrer de medo da volta de Lula ao Palácio do Planalto viu ontem em Curitiba a repetição do estrondoso fracasso de seu partido nas urnas nas eleições municipais de 2014. Dilma, que ameaça candidatar-se a cargos públicos em 2018, coitada, nem foi percebida no avião de carreira, que, enfim, teve coragem de tomar. Os mandatários petistas que acorreram em socorro a Lula não são mais capazes sequer de garantir seus mandatos e, em conseqüência, seu foro privilegiado. Como a própria sucessora de Dilma falou pouco antes do resultado de seu impeachment, ela virou apenas uma carta fora do baralho. Se o PT continuar apostando nos delírios persecutórios de seu único líder no momento, logo logo ocupará os outros lugares à mesa com madama ex-presidenta. Pelo estrago que os desgovernos de ambos provocaram na economia é pouca punição. Se alguém tiver alguma dúvida, está convidado a perguntar aos 14,2 milhões de desempregados. E infelizmente aos milhões mais que ainda estão fadados a perder seus empregos. E já que falamos tanto em Sérgios neste episódio

SONORA Samba do crioulo doido Sérgio Porto e Quarteto em Cy

https://www.youtube.com/watch?v=tjSFf8OuUHs

 

 

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José Nêumanne Pinto

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