Comentário no Jornal Eldorado: Caso de polícia

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Organizado para pedir a renúncia do presidente Michel Temer e protestar contra as reformas da Previdência e trabalhista, o ato que desencadeou o uso das Forças Armadas, na quarta-feira, 24 de maio, em Brasília, terminou com pessoas feridas, prédios depredados, pontos de ônibus destruídos, fogo ateado em banheiros químicos e manifestantes presos. Esses eventos fazem parte da rotina da luta democrática ou não?Não, não e não. Uma coisa é protestar, reivindicar direitos, outra coisa é destruir, quebrar, queimar prédios públicos ou privados. O protesto é democrático. O vandalismo é crime, caso de policia. O título do editorial do Estadão resume bem minha posição: não é política, é caso de polícia.

Comentário no Jornal Eldorado da Rádio Eldorado – FM 107,3 – na quinta-feira 25 de maio de 2017, às 7h30m)

Para ouvir clique no link abaixo e, em seguida, no play                                                                                     https://soundcloud.com/jose-neumanne-pinto/neumanne-2505

Para ouvir Policia, com Titãs, clique no link abaixo:

Para ouvir no Blog do Nêumanne, Política, Estadão, clique no link abaixo:

http://politica.estadao.com.br/blogs/neumanne/caso-de-policia/

 

Íntegra do texto da degravação do comentário:

Eldorado 25 de maio de 2017 – Quinta-feira

Organizado para pedir a renúncia do presidente Michel Temer e protestar contra as reformas da Previdência e trabalhista, o ato que desencadeou o uso das Forças Armadas em Brasília terminou com pessoas feridas, prédios depredados, pontos de ônibus destruídos, fogo ateado em banheiros químicos e manifestantes presos. Esses acontecimentos fazem parte da rotina da luta democrática ou não?

Não. Uma coisa é protestar, reivindicar direitos, outra coisa é destruir, quebrar, queimar prédios públicos ou privados. O protesto é democrático. O vandalismo é crime, caso de policia. Título do editorial do estadão resume bem minha opinião: não é política, é caso de polícia.

Números oficiais indicavam 49 feridos, entre eles, um por arma de fogo. O repórter fotográfico Wilton Júnior, do Estado, foi atingido por estilhaços de uma bomba. Foram detidas oito pessoas. Esses Black blocs, que desvirtuam os movimentos de rua no Brasil desde 2013, terminando com violência atos que começam pacíficos, não devem ser encarados com romantismo juvenil, mas como mera delinqüência.

A esquerda, que manipula esses movimentos que nada têm de espontâneos, tem intenções malignas. Mas termina provocando exatamente o oposto do que pretendem e pregam. O susto que a população tomou vendo fogo em prédios públicos produz um efeito oposto ao Fora Temer, pois dá alento e fôlego a um presidente e a um governo enfraquecidos à beira da sepultura. É de uma burrice que explica os grandes fracassos dessa esquerda. Suas intenções não são democráticas, mas meramente golpistas, para usar uma palavra tão do gosto deles. A realidade é que a esquerda que promove esses movimentos perde no voto direto e nas votações do Legislativo e quer virar o jogo não dentro das regras da democracia nem no tapetão da Justiça, mas puxando o tapete e queimando os móveis. A esquerda quer por fogo no circo com o povo dentro com interesse apenas de tumultuar e enfraquecer, não o governo que está no comando, mas a democracia, que o contraria.

SONORA 2505 EFRAIM

“As manifestações elas são legitimas e garantidas na constituição. Agora, o que a sociedade repudia é o uso da violência, depredação do patrimônio público, o vandalismo, ou seja, as pessoas que vieram realmente para provocar o caos, que queriam colocar fogo em prédios, colocar a vida de pessoas em risco, sangue correndo no meio da rua. Eu acho que isso não é manifestação legítima. Tem muita gente que veio protestar com o seu direito, mas foi atrapalhado”, diz o deputado Efraim Morais Filho, DEM-PB, líder do partido.

A transformação do ato pacífico em violento começou quando um grupo de mascarados, descontente com um bloqueio formado pela PM em uma área mais próxima do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto, começou a jogar garrafas plásticas e pedaços de madeira. Embora a ação fosse de um grupo restrito, a reação da polícia foi generalizada. Àquela altura, conforme a PM, o protesto reunia cerca de 35 mil pessoas, mobilizadas por nove centrais sindicais. Adoto a descrição dos repórteres da Sucursal de Brasília da quarta-feira da capital em chamas para dar a nosso ouvinte a impressão real de como as coisas acontecem na rua. Bombas de gás e spray de pimenta começaram a ser lançados em todo o grupo de manifestantes. Houve correria. Pessoas tentaram se refugiar nos estacionamentos dos ministérios, que também serviam de abrigo para a cavalaria. Um grupo de manifestantes partiu para o confronto, dando continuidade a uma escalada de violência que somente foi controlada por volta das 18 horas.

O primeiro alvo foi o Ministério da Fazenda. Por volta das 14h30, o grupo tentou invadir o prédio. Vidros foram quebrados e a segurança, reforçada. Cerca de 400 homens faziam a proteção do local. A onda de violência se estendeu. Do alto de carros de som instalados na Esplanada, locutores de centrais sindicais pediam calma aos manifestantes e para que policiais deixassem de usar spray de pimenta. Sem sucesso. Cada vez mais exaltados, manifestantes atearam fogo em banheiros químicos, destruíram pontos de ônibus e partiram para o ataque ao Ministério da Agricultura, provocando um incêndio que atingiu a área térrea do edifício. Em meio ao barulho de manifestantes, bombas de gás e helicópteros, a segurança do Palácio do Planalto foi reforçada. Meia hora depois do incêndio no Ministério da Agricultura, 30 homens do Batalhão da Guarda Presidencial faziam um bloqueio na rampa que dá acesso ao palácio. Outros 170 estavam a postos nas guaritas. No efetivo da segurança do presidente, havia mais cem pessoas. Enquanto a segurança do Palácio do Planalto era reforçada, a Casa Civil enviava uma ordem para que o expediente dos ministérios fosse encerrado e os servidores, liberados. O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, e outros funcionários tiveram de sair pelos anexos, nas vias paralelas à Esplanada. Os prédios começaram a ser esvaziados às 16 horas. Trinta minutos depois, veio a notícia da convocação das Forças Armadas. Só então a Esplanada, depredada, ainda com focos de fogo em meio a um forte cheiro de spray de pimenta começou a ser esvaziada. Já era noite quando viaturas da PM deixavam o local e as Forças Armadas começaram a ocupar a região.

Tomando seu raciocínio como base, você diria que Temer errou a mão quando determinou o uso de tropas do Exército para reprimir o vandalismo, que deveria ter sido enfrentado pela polícia?

+ Diante do descontrole, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, fez uma declaração no meio da tarde comunicando que o governo federal havia determinado o uso das Forças Armadas para garantia da lei e da ordem.

SONORA 2505 JUNGMANN

Temer é um presidente enfraquecido pelas evidências flagradas na delação de sua participação em atos de corrupção, lavagem de dinheiro e, sobretudo, obstrução de investigação, mas ainda estamos num estado da ordem, ainda não reina o caos no País e as Forças Armadas são disciplinadas e estão prontas para atender às ordens presidenciais. A verdade é que o recurso a tropas regulares das Forças virou rotina no País e isso não é bom. Os acontecimentos de Brasília ontem mostram que as forças policiais não estão preparadas para enfrentar movimentos que nem sequer têm tanta gente assim e o recurso permanente às tropas regulares não é um sinal de força, mas de fraqueza do Estado em geral e do presidente em particular. Felizmente, a crise ainda não atingiu o ponto em que, convocados para resolver rebeliões em presídios, arrastões nas praias e a fúria dos Black blocs, os militares resolvam aproveitar para intervir do ponto de vista institucional.

Relato do repórter Daniel Weterman, do Estadão, dá conta da reação dos comandantes militares tanto à crise política causada pela delação dos Esleys safadões, como define o colega Augusto Nunes, quanto pela tentativa de se aproveitar da crise para por fogo no circo, como faz nossa esquerda irresponsável e ainda revolucionária, não democrática. Segundo esse relato, o comandante do Exército, general Eduardo da Costa Villas Bôas, afirmou que o clima no comando da instituição e no Palácio do Planalto é de “choque” e “muita insegurança”. As declarações do militar foram dadas a jornalistas em referência à crise no governo motivada pelas denúncias contra o presidente Michel Temer feitas com base nas delações dos empresários da JBS. “Clima de consternação, de choque e de preocupação. Muita incerteza e muita insegurança até que as coisas se definam”, disse o general, ao lado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na sede da fundação que leva o nome dele em São Paulo.

Então, não é o caso de abusar. Os militares não estão dormindo na caserna, como os baderneiros manipulados pela esquerda parecem estar pensando. Isolado no palácio, Temer não teve a força nem a humildade de convocar o governador de Brasília, Roberto Rollemberg para resolver a questão nos limites circunscritos à segurança pública. Não acredito que o governador não desse sua ajuda comandando a polícia como deveria. Apelar para as Forças Armadas é um sinal de fraqueza do governo. Partir para a covardia da ação dos Black blocs é demonstração da dimensão da esquerda tanto na democracia representativa desrespeitada e violada quanto no embate político das casas de leis.

Foi isso que permitiu atos de violência também nas votações das matérias prioritárias para a recuperação econômica, segundo o governo, mas que mobilizam os militantes nas ruas?

Os episódios das ruas são assustadores. Mas assusta mais ainda sessões rotineiras da Câmara e do Senado, como aconteceu esta semana, sejam interrompidas com desforço físico e ocupação física da mesa, atrapalhando e interrompendo o processo legislativo da representação popular. A votação é sagrada, porque é a realização do processo democrático. O uso de violência física e moral interrompendo as sessões, puro banditismo. Se, de um lado é reflexo da fragilidade da representação popular, nas mãos de políticos sem espírito cívico, desmoralizados pela corrupção e desprovidos de qualquer interesse público, por outro lado resulta da irresponsabilidade de uma oposição que representa ideais políticos ultrapassados e sem aval nenhum da cidadania. A oposição, cúmplice do PT e do PMDB na roubalheira que levou o País à bancarrota e desempregou 14 milhões e 200 mil trabalhadores, aposta no caos e na desordem porque não tem voto. E o governo, com a autoridade debilitada por sua participação na limpeza dos cofres públicos de praticamente todas as repartições do Estado, não sabe como agir e não tem equilíbrio nem serenidade para evitar que a situação se degringole. Faço eco à última linha do editorial do Estadão que citei no começo do comentário e citarei agora: menos vandalismo e mais democracia, gente.

Mudando de pau pra cacete, o que dizer do grotesco episódio do líder popular que se interessa pela morte do marreco no sítio que não lhe pertence e da compra da roçadeira para limpar o mato desse sítio?

O relato de Júlia Afonso e Ricardo Brandt, da equipe de repórteres investigativos do Estadão em São Paulo sob o comando do colega Fausto Macedo, revela algo comprometedor para o ex-presidente Lula. Eles contaram que entre os 400 documentos apresentados pela força-tarefa da Lava Jato ao juiz Sérgio Moro há relatos por e-mails que comprovam o interesse do ex-presidente Lula na sorte dos marrecos do sítio Santa Bárbara em Atibaia, que, segundo a defesa dele, pertence a sócios de seu filho e amigos da família. São narrados nesses contos rurais o nascimento prosaico de um pintinho e a compra de uma roçadeira em São Bernardo do Campo com nota fiscal e tudo em nome de Marisa Letícia Lula da Silva. A defesa de Lula, é claro, define tais relatos como insignificantes. Mas a verdade é que são demonstrações rotineiras de que Lula se interessava pela propriedade como se dono fosse e a versão da defesa como ocultação de patrimônio. Ou seja, essa história de que a família Lula era mera visitante do lugar não se sustenta. E a fantasia de que não há documentos que ponham o ex-presidente sob suspeita, mera lenda urbana.

SONORA Polícia Titãs

 

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José Nêumanne Pinto

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