A bola e a urna

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Nossa seleção foi à Alemanha na condição de vencedora virtual da Copa do Mundo, graças ao virtuosismo de seus astros. Caiu diante da França nas quartas de final com uma decepção que só não iguala a da Inglaterra, em 1966, porque, então, enfrentou Portugal e Hungria, enquanto agora só passou por Croácia, Austrália, Japão e Gana.
Foi um óbvio castigo à soberba. E a prova de descontentamento dos “deuses do futebol” com a vaidade, o individualismo e a ambição desmedida de jogadores e da comissão técnica, empenhados apenas em superar recordes individuais e assegurar o próprio êxito profissional. O hexacampeonato foi sacrificado para Cafu aumentar o número de partidas disputadas pela seleção; Ronaldo Fenômeno se tornar o maior artilheiro de todas as Copas; e Roberto Carlos acrescentar mais partidas disputadas a seu currículo.
O técnico Carlos Alberto Parreira comemorou cinicamente a passagem pelas quartas de final com seu time dando o primeiro chute correto em direção ao gol (e defendido pelo goleiro) a dois minutos do final do jogo, já então perdido.
A torcida, humilhada pela esperança frustrada, está convidada a refletir sobre a euforia arrogante e estúpida de uma geração de profissionais de caráter duvidoso, adequada ao momento político do País. Por conta disso tudo, os excelentíssimos senhores dirigentes do Estado brasileiro, que já se preparavam para usar o “caneco” como trunfo eleitoral, podem começar a pôr as barbas de molho. Pois, da mesma forma como favoritismo não ganha campeonatos, eleições se vencem nas urnas, e não nas pesquisas.
© Artigo publicado no Jornal da Tarde, terça-feira 4 de julho de 2006, Página A2

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José Nêumanne Pinto

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